Cinco detidos sob acusação de provocar atos de vandalismo na manifestação do dia 17, que estão sob liberdade provisória, apresentaram-se pouco antes das 17h desta segunda-feira no 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM).

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Uma decisão judicial determina que eles sejam recolhidos no batalhão para que fiquem afastados de protestos. Os dois primeiros homens chegaram juntos, às 16h40min. Um estava a pé. O outro de bicicleta.

– Pronto, chegou o baderneiro, senhores – ironizou um deles, formado em Sociologia e mestrando em Comunicação.

O outro, de bicicleta, queixava-se:

– Eu estava assim, de bicicleta, no dia do protesto anterior. Como poderia ter me carregado com paus, como disseram? Eu não fiz nada – disse ele, um analista de sistemas operacionais e estudante da faculdade de Segurança da Informação.

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Os dois conversaram com a reportagem e foram comprar comida, prevendo que não teriam hora para sair do batalhão, pois devem ficar até o final da manifestação.

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Pouco antes da chegada dos dois suspeitos de vandalismo, 60 homens da tropa de choque se perfilaram e saíram em marcha firme, gritando, todos juntos:

– Choque!!!

O clima era de tensão no dia de chuva fina. Às 16h45min, chegou outro homem que foi detido na segunda-feira passada, integrante da Geral do Grêmio. Às 16h50min, se apresentou o quarto homem, que trabalha em um bar e foi o único a trazer comida. Os quatro ficaram conversando em uma sala, custodiados por um policial.

A sala, na entrada, tem a inscrição: “sala de aula”. É onde os policiais fazem a preparação teórica para sua atividade diária. Os detidos dizem terem se conhecido na prisão. Todos negam ter praticado atos agressivos.

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Na sala de aula, o mestrando em Comunicação, que diz nem sequer ser ativista (alega que estava apenas filmando e fotografando a manifestação quando foi detido) pegou um giz e, sob a mira dos três colegas de detenção, da reportagem de Zero Hora e do policial, começou a dar uma improvável aula de História. Mostrou aos outros como o atual momento brasileiro repete o getulismo. Assim como Getúlio deu lugar ao pupilo João Goulart, Luiz Inácio Lula da Silva deu lugar a Dilma Rousseff. No caso de Jango, o desdobramento foi o golpe militar.

– E agora, o que virá? – perguntou ele aos colegas.

– Tomara que não se repita – respondeu um dos seus atentos assistentes.

Às 18h30min, chegou o quinto detido, um estudante secundarista de 18 anos. Ele disse ter chegado mais tarde porque não sabia como chegar ao batalhão.

Acompanhe a cobertura ao vivo dos protestos desta segunda-feira: