Os indicadores da pandemia de coronavírus voltam a chamar a atenção para o acelerado crescimento de casos e agravamento da doença em Santa Catarina. De leitos de terapia intensiva lotados ao reflexo no aumento de número de mortes ocorridas por semana, os números apontam, às portas do verão, para patamares próximos ao vividos no inverno, quando o Estado atingiu os níveis mais críticos de óbitos e internações.

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Até esta segunda-feira, Santa Catarina somava um total de 327.961 casos acumulados de coronavírus desde o início da pandemia, em março. Já é o quinto Estado com mais casos acumulados no total, atrás somente de São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Até esta segunda, Santa Catarina somava 3.494 mortes. São mais de 24 mil casos ativos, em tratamento contra a covid-19, mas capazes de transmitir o vírus a pessoas saudáveis.

Mas o ponto mais sensível é a ocupação dos leitos de UTIs, que voltam a registrar números próximos aos vividos no pico da pandemia, em agosto, e seguem em tendência de crescimento nesta semana. Veja em cinco fatores por que a condução da pandemia merece atenção novamente. O levantamento da reportagem é baseado em dados oficiais divulgados diariamente pelo governo do Estado, via Secretaria de Estado de Saúde. Os números são os mesmos encaminhados diariamente ao Ministério da Saúde.

Internações em UTIs estão próximas do pico novamente

O índice de ocupação das UTIs voltou a preocupar. No total, o Estado tem 563 pessoas internadas em hospitais privados ou públicos de Santa Catarina, com diagnóstico ou suspeita de covid-19. Dessas, 84 estão na rede privada e 479 em unidades públicas. 

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O gráfico abaixo mostra como o Estado reduziu gradativamente as internações tanto na rede pública quanto na privada a partir de setembro, mas voltou com força em novembro. Em verde, os pacientes internados em UTI suspeitos de terem coronavírus. Em lilás, os internados já diagnosticados com o vírus.

No sistema público, a situação é ainda mais alarmante. A média geral de leitos de terapia intensiva do SUS em uso no Estado é de 81,1% entre leitos adultos, pediátricos e neonatais, a maior desde 6 de agosto, quando atingia 81,4% e SC vivia o auge da pandemia. Veja no gráfico abaixo como os índices de ocupação (em lilás) estão similares aos de agosto e em tendência de crescimento.

As regiões mais críticas são o Sul do Estado (88,1%), Planalto Norte (85,7%), Serra (83,7%) e Oeste (83,6%), onde a ocupação é superior à média estadual. Essa taxa de ocupação de UTIs, divulgada diariamente pelo Estado, considera pacientes suspeitos ou confirmados de covid-19, além de pacientes de outras doenças.

Mas é nos leitos adultos de UTI onde está a maioria absoluta de pacientes relacionados à covid-19. Nesse caso, excluindo os leitos neonatais e pediátricos, os índices de ocupação se tornam ainda mais altos. A região Norte tem ocupação de 91,3% e a Sul, 88,1%, enquanto a média geral do Estado é de 83,3% em leitos adultos.

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Ainda assim, há hospitais com 100% de ocupação nas demais regiões, como o Hospital Florianópolis, na Capital, com todos os leitos em uso por pacientes suspeitos ou confirmados de covid-19. 

Estado voltou a registrar aumento semanal de mortes

Entre o domingo de 15 de novembro e o sábado de 21 de novembro, ocorreram em Santa Catarina pelo menos 129 mortes por covid-19, média de 1 morte a cada 1h18min. É o total mais alto por semana desde a primeira quinzena de setembro, quando o Estado apresentava queda gradativa de mortes, após ter alcançado o pico, entre 26 de julho e 1º de agosto.

Essa queda perdurou até a semana de 11 a 17 de outubro. Depois disso, voltou a crescer. Nesta semana, já são 14 óbitos ocorridos entre domingo e segunda-feira. Santa Catarina, entretanto, ainda ostenta o índice mais baixo de letalidade pela covid-19 em todo o Brasil.

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Total de casos ativos é o dobro da época do pico da pandemia, no inverno 

No pico da pandemia, em agosto, Santa Catarina registrou, num único dia 13.241 casos ativos de coronavírus. Isso ocorreu em 1º de agosto e, desde então, os números apenas caíram. Mas em 7 de novembro, o índice foi superado pela primeira vez e abriu espaço para um crescimento sucessivo que, até o momento, culminou no último domingo, 22 de novembro, com 26.570 pacientes em tratamento contra a covid-19. É mais do que o dobro do registrado no período mais crítico do inverno.

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A situação em novembro se agravou de maneira generalizada em todas as regiões de Santa Catarina. Inicialmente liderado pelos municípios da Grande Florianópolis, a lista de casos ativos por região agora é dominada pelo Vale do Itajaí, com 6.877 casos ativos no total. É 2,31 vezes maior do que havia em 1º de novembro. O Sul do Estado também apresenta crescimento acelerado: com 4.593 ativos agora, tem 2,58 vezes mais pacientes do que no início do mês.

Até esta segunda-feira, as cidades que apresentavam maior número de casos ativos eram Florianópolis (2729), Blumenau (1411), Joinville (1308), Criciúma (1083), Lages (964), Brusque (895), Palhoça (869), Jaraguá do Sul (801), Chapecó (783) e Balneário Camboriú (622). Veja mais detalhes por cidade no mapa abaixo:

Mais pacientes começaram a sentir sintomas em novembro

Outro indicador que ajuda a visualizar o aumento de novos casos no Estado diz respeito à data de aparecimento dos primeiros sintomas em quem foi diagnosticado com coronavírus. Conforme especialistas em saúde pública, esse dado ajuda a se aproximar da data real de infecção da pessoa. Segundo a Organização Mundial da Saúde, um paciente apresenta os primeiros sinais, em média 5 dias após ter sido contaminado pelo vírus.

Desde o início da pandemia, o período que registrou mais casos segundo a data de aparecimento dos sintomas foi entre 10 e 20 de julho (veja as colunas verdes no gráfico abaixo), com vários dias somando mais de 4 mil pacientes cada um. Depois disso, a tendência foi de queda até o início de outubro.  

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Mas após os feriados de 12 de outubro e 2 de novembro, quando diversas aglomerações foram registradas em Santa Catarina, especialmente no litoral, a curva se inverteu e voltou a subir. 

O saldo é que em 9 de novembro pelo menos 3.885 pessoas com diagnóstico de covid-19 relataram ter sentido os primeiros sintomas nesse dia. E os números devem crescer ainda mais para esses dias, porque costumam aparecer, em média, com 14 dias de atraso nos relatórios oficiais. Por isso as últimas colunas são tão pequenas ainda.

A linha cinza do gráfico representa a taxa de isolamento social, segundo monitoramenteo da plataforma In Loco, que usa dados de GPS de telefones celulares. Quanto mais alta a linha, maior o índice de isolamento. Mas desde 8 de setembro o Estado não tem conseguido ficar um dia sequer acima de 50%, nem mesmo aos domingos. A média de novembro tem ficado em 38,5%, similar ao índice médio de agosto: 38,85%.

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Média móvel mais alta da pandemia com taxa de transmissão elevada

Mesmo que se leve em conta apenas o total de novos casos divulgados diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde e pelo Ministério da Saúde, os índices chamam a atenção. Já supera 4.140 a média móvel de casos em Santa Catarina nesta semana. A média móvel considera o total de casos divulgados nos últimos 7 dias e divide por 7. 

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O atual índice estadual é o mais alto já registrado em toda a pandemia. Antes disso, o pico era em 2 de agosto, com média de 2.699 novos casos divulgados, ainda assim 34% menor do que o desta semana.

E a tendência de alta é observada em 18 das 20 microrregiões que dividem o Estado, considerando as cidades polo, conforme a classificação do IBGE. As microrregiões mais críticas são Florianópolis, Blumenau, Criciúma, Itajaí, Joinville, Lages, Rio do Sul e Tubarão, porque apresentam curva elevada de crescimento. São Miguel do Oeste e Tabuleiro (região Serrana da Grande Florianópolis) são as únicas estáveis. Veja detalhes por região no gráfico abaixo.

Além disso, Santa Catarina, ao lado do Paraná, apresentam atualmente as mais altas taxas do país do chamado índice de contágio do coronavírus. Com um índice médio de 1,27, significa dizer que cada 100 pacientes com covid-19 é capaz de transmitir para outras 127 pessoas, aumentando a probabilidade de disseminação do vírus. O ideal, segundo especialistas em saúde pública, é esse índice ficar abaixo de 1 para que o surto comece a perder força.

Veja mais dados por cidade no Painel do Coronavírus.

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