Setembro chegou e, com ele, a Semana Nacional do Trânsito. Ótima oportunidade para o exercício da cidadania através de um trânsito mais seguro. No entanto, lastimavelmente, ignoramos o tema durante todo o ano para nos iludirmos em sete dias! Estamos na segunda metade da Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito, iniciativa lançada pela ONU em 2011. Neste momento, deveríamos estar analisando os resultados dos primeiros cinco anos. Mas agora vem a grande questão: no Brasil, quem se preocupa com isso?
Continua depois da publicidade
O leitor pode estar pensando que segurança no trânsito é assunto de polícia, principalmente da Polícia Rodoviária Federal. Se pensou assim, não está totalmente errado. Entretanto, o problema não se resolve de forma unilateral, muito menos em uma semana. Apesar dos grandes esforços da PRF, que contribuíram para a redução da mortalidade nas rodovias nos últimos anos, muitas pessoas ainda perdem a vida no trânsito brasileiro. Isto demonstra que o problema é mais amplo do que o leito das BRs, e não cabe em uma semana ou um mês.
Países que tornaram o trânsito mais humano passaram por um grande pacto social, onde pensa-se segurança a todo momento. Na Espanha, por exemplo, se um partido político não propuser ações claras sobre segurança no trânsito, será rejeitado nas urnas. Aqui, ao contrário, sequer lembramos o candidato no qual votamos, quiçá se ele tinha a mínima preocupação com o trânsito. Parece-me que a cultura do “isto não acontece comigo” nos cega.
E, assim, vamos vivendo, ou morrendo, esperando que uma semana do ano mude este cenário. Se realmente acordarmos, venceremos esta guerra dissimulada. Mas ressalto, a sociedade deve querer discutir e auxiliar na solução do problema. Somente assim, juntos, poder público, iniciativa privada e, sobretudo, com o comprometimento da sociedade civil organizada, conseguiremos êxito.
Há muito a fazer! Para encerrar, cito uma frase que escutei recentemente: “Antes feito, do que perfeito”! A sociedade precisa agir!
Continua depois da publicidade
*Carlos Magno Júnior é superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em SC