Um divisor de águas, a tragédia climática de novembro de 2008 deixou um desafio aos gestores públicos. Passados cinco anos, a tarefa principal é conscientizar a sociedade e promover a desocupação das áreas de risco, pois 22% do território de Blumenau é suscetível a deslizamentos.
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Sobre uma topografia acidentada, com uma variedade de rochas e solos e situada em um Vale, há exatos cinco anos Blumenau inundou nas áreas baixas e viu deslizar as encostas, principalmente na região Sul. Foram cerca de 3 mil ocorrências de deslizamentos, expondo uma nova preocupação à Defesa Civil já que até então as inundações eram o que preocupava.
De acordo com o secretário de Estado de Defesa Civil, Milton Hobus, além das obras que estão sendo feitas pelo Pacto por Santa Catarina, como a sobrelevação das barragens de Taió e Ituporanga e a construção de novas estruturas de contenção, é necessário orientar a população a fim de identificar medidas que solucionem problemas pontuais no Vale do Itajaí:
– Temos de criar a cultura da prevenção nos gestores públicos e na sociedade. Pretendo usar a verba do Fundo de Defesa Civil para obras preventivas que evitem que as pessoas sejam expostas a qualquer tipo de risco.
Em novembro de 2008, Blumenau viveu um paradigma por nunca ter sido registrado um número tão alto de ocorrências de deslizamentos.
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O diretor de Geologia, Análise e Riscos Naturais da Secretaria de Defesa do Cidadão, Maurício Pozzobom, alerta que a cidade apresenta alta suscetibilidade a movimentos de massa, devido a dois fatores principais. O primeiro é a condição natural da cidade, pela quantidade e diversidade de rochas. São 18 unidades rochosas que condicionam características diferentes ao solo da cidade, que possui falhas e declividades acentuadas.
O geógrafo e coordenador do Laboratório de Pesquisas Aplicadas em Geomorfologia e Geotecnologias (Lageo) na Universidade Federal do Paraná explica que essas características aliadas à dinâmica pluviométrica da região, à ação humana e ao crescimento populacional desordenado condicionam os deslizamentos. É justamente a ocupação e intervenção inadequadas sem respeitar as restrições do solo característico da cidade que preocupam a gestão pública.
– A condição natural é potencializada pela ação humana. O agravante disso é que justamente as áreas que apresentam a maior suscetibilidade de risco é a que tem a maior densidade demográfica no município, que é a região Sul – revela Pozzobom.