As instalações do artista plástico brasileiro Cildo Meireles chegam à Espanha, na maior exposição internacional sobre ele, que começa nesta quarta- feira, 11 de fevereiro, e vai até 26 de abril, no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (Macba).
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A exposição percorre toda a trajetória artística de Meireles, vencedor do Prêmio Velázquez 2008, de 1967 até a atualidade, através de cerca de 80 criações de diversos tamanhos.
Na mostra se pode ver desde um “anel bomba”, que guarda em seu interior uma cápsula de pólvora apertada, dotado de lentes que fazem explodir a “bomba” ao se aproximarem à luz solar, até um imenso quarto de 175 metros quadrados de sua instalação “Através”.
Para o diretor do Macba, Bartomeu Marí, um dos três curadores desta ampla retrospectiva, “nas obras de Meireles, o espaço adquire conotações físicas, geométricas, históricas, psicológicas e antropológicas”.
E nesse mundo não há hierarquia de tamanhos nem de escalas: um objeto minúsculo pode ficar monumental, como “Cruzeiro do Sul” (1969-1970), um diminuto cubo de madeira, e “Através” (1983-1989), que apesar seus grandes dimensões recria um cárcere opressivo. Esta última é uma das peças centrais da exposição e, seguramente uma das mais espetaculares.
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Na obra “Desvio ao vermelho”, Meireles interage com a audiência através da reconstrução de um lar no qual todos os seus elementos, da mobília aos alimentos ou os elementos de decorações, são vermelhos.
– Gosto de pensar a arte em termos que não estão limitados ao visual – afirma o artista, que gosta de jogar com outros sentidos como o tato, o ouvido e o olfato.
Esse é o caso das 201 bolas de “Eureka/Blindhotland” (1970-1975), aparentemente todas iguais, mas com uma diferença de 5 gramas entre cada uma delas, ou dos 700 rádios que formam a escultura “Babel” (2001), cada um deles sintonizado em uma emissora distinta.
Em outra de suas peças mais célebres, “Volátil” (1980-1994), o público entra em uma câmara escura em forma de U na qual percebe um falso cheiro de gás enquanto se desloca por uma superfície cheia de pós de talco.
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Chama a atenção a opção de Meireles por utilizar um número elevado de elementos em suas obras como nos 2 mil ossos, 800 mil moedas e 800 hóstias de “Missão – Como construir catedrais” (1987).