Cientistas britânicos anunciaram ter feito um grande avanço na direção do desenvolvimento de um exame de sangue capaz de prever a manifestação do Alzheimer, ajudando potencialmente na busca pela cura da doença, que é a forma mais comum de demência.
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Os estudiosos identificaram proteínas do sangue que aparecem em pacientes depois de diagnosticados com a doença degenerativa. Um exame para diagnosticar a doença precocemente ajudaria os cientistas a identificar os pacientes que poderiam participar de testes para desenvolver novos tratamentos para deter a condição. O estudo, publicado na edição de segunda-feira da revista Alzheimer’s & Dementia, monitorou 220 pacientes com perda cognitiva moderada.
– Muitos de nossos testes com drogas fracassam porque quando os pacientes recebem os medicamentos, o cérebro já está severamente afetado – explicou o professor de neurociências da Universidade de Oxford, Simon Lovestone, que chefiou o estudo no King’s College de Londres.
– Um simples exame de sangue poderia nos ajudar a identificar pacientes em um estágio muito mais precoce para que pudessem participar de testes e, esperançosamente, desenvolver tratamentos que pudessem interromper a progressão da doença. O próximo passo será validar nossas descobertas em mais amostras – destacou.
Os cientistas identificaram 10 proteínas presentes no sangue de 87% das pessoas do grupo que foi diagnosticado com Alzheimer no prazo de um ano. A doença, causada por proteínas tóxicas que destroem as células do cérebro, é degenerativa e fatal, normalmente incurável, que afeta 35,6 milhões de pessoas em todo o mundo. Por ano, há 7,7 milhões de novos casos diagnosticados, segundo um informe de 2012 da Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Em 2010, o custo social global total da demência foi estimado em US$ 604 bilhões, segundo a Alzheimer’s Disease International, uma federação de associações dedicadas ao mal de Alzheimer ao redor do mundo.
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Mecanismos subjacentes
Não seria o primeiro exame de diagnóstico para o Alzheimer, embora seja um avanço porque alega ser mais preciso ao detectar uma forma específica da doença, que debilita as capacidades cognitivas. O estudo tem um número limitado de voluntários e, por isso, é improvável que produza uma ferramenta completa de diagnóstico.
James Pickett, diretor de pesquisas da Sociedade do Alzheimer, alertou que uma vez que a precisão é inferior a 90%, ele precisaria ser aperfeiçoado antes de se tornar um exame útil.
– Só através de novas pesquisas encontraremos a resposta para as grandes questões sobre a demência, portanto observaremos os avanços deste estudo com interesse – afirmou Pickett.
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Mas qualquer exame deveria, além de ajudar na busca da indústria farmacêutica por medicamentos para bloquear ou reverter o Alzheimer, também auxiliar as pessoas a fazer escolhas em seu estilo de vida, como a melhor forma de ajudar um paciente idoso no futuro, quando a doença pode incapacitá-lo severamente.
– Os resultados anunciados hoje são interessantes, mas como os autores afirmam, ainda há uma enorme quantidade de trabalho a se fazer até que um exame de sangue usável para o mal de Alzheimer se torne disponível – afirmou Adrian Pini, neurobiólogo do King’s College de Londres
Peter Passmore, professor de Medicina Geriátrica e do Envelhecimento, no Centro de Saúde Pública da Universidade Queen’s, em Belfast, disse que este é um “desenvolvimento interessante”.
– Esse estudo também fornece indícios sobre os mecanismos subjacentes potenciais na demência, o que é importante pois ajuda fazer avançar nosso conhecimento e orientar as futuras pesquisas – concluiu.
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