Com a promissora missão de pesquisar como um ambiente pressurizado afeta o corpo humano à longo prazo, um cientista norte-americano está há 96 dias no fundo do Oceano Atlântico, abrigado em uma cápsula de cerca de nove metros de comprimento.

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Acostumado com esse tipo de experiência e tendo a meta de chegar aos 100 dias no fundo do mar, o oficial aposentado da Marinha dos Estados Unidos, Joseph Dituri, de 55 anos, deve bater o recorde mundial de tempo de vida em um ambiente subaquático após completar a jornada.

A maior permanência já registrada anteriormente foi feita pelos biólogos Bruce Cantrell e Jessica Fain, que passaram 73 dias no mesmo alojamento submarino de Dituri.

Durante o dia a dia na cápsula, Dituri testa tecnologias da Nasa que poderão ser usadas em eventuais missões em Marte, além de fazer testes e tratamentos para reverter perda muscular e desacelerar o envelhecimento.

— Um dia iremos para Marte, mas levará no mínimo 200 dias para chegarmos lá. Daí, quando a nave tocar a superfície do planeta, estaremos com forte perda de massa muscular, sem conseguir enxergar muito longe, com os ossos enfraquecidos e em péssima forma para enfrentar um ambiente inóspito. Não me parece uma boa ideia — diz, explicando a relevância dos testes que está realizando.

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Um dos dispositivos testados, caso seja aceito pela agência espacial norte-americana, será usado por astronautas para monitorar a saúde e determinar a necessidade de assistência médica. O cientista está investigando como evitar a perda de massa muscular no espaço, algo que atormenta os profissionais da Estação Espacial Internacional.

Pressão subaquática e rejuvenescimento

Em entrevista ao jornal britânico DailyMail, o pesquisador declarou que, durante sua rotina subaquática de trabalho, passa por ciclos de exercícios físicos e por exames periódicos para saber o quanto seu organismo mudou desde o início do experimento:

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— Ainda estou mantendo a massa que tenho, o que é insano.

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Pesquisador realiza experiências para a Nasa no local (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Em um desses testes, Dituri teve aumento de 20% no tamanho dos telômeros, que são compostos dos cromossomos que vão encurtando com o avanço da idade. De acordo com o cientista, esse aumento em uma estrutura que era para reduzir, “equivale há mais de uma década de rejuvenescimento”.

Além disso, ele revelou que experimenta sono em estado profundo todas as noites, que teve os marcadores inflamatórios reduzidos pela metade e que possui agora até 10 vezes mais células-tronco do que quando se mudou para o casulo, em março.

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As mudanças na saúde ocorrem justamente pelo objetivo de pesquisa de Dituri: a pressão atmosférica do ambiente. É um processo semelhante ao das câmaras hiperbáricas, que melhoram o fluxo sanguíneo, o metabolismo e, consequentemente, aprimoram as funções cognitivas e físicas, como o sono e a mobilidade.

Estrutura da cápsula

A cápsula onde o pesquisador está vivendo, apesar de pequena (cerca de 100 metros quadrados), conta com uma área de trabalho, cozinha, banheiro, dois quartos, janela com vista para o oceano e uma pequena “piscina”, que funciona como saída e entrada do bunker.

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Além disso, o local é equipado com TV, frigobar, cafeteira e micro-ondas.

— Estou adorando, tenho até uma cafeteira aqui. Deus sabe que não existe ciência sem café — afirmou o pesquisador na entrevista ao Daily Mail.

Cômodo em que o pesquisador vive desde março (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Veja mais fotos da expedição de Dituri

Pesquisador possui até piscina própria no bunker (Foto: Reprodução/Redes sociais)
Local banhado à água funciona como entrada e saída da cápsula (Foto: Reprodução/Redes sociais)
Dituri irá bater o recorde mundial de permanência em ambiente subaquático após o fim da expedição (Foto: Reprodução/Redes sociais)

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