O número de mortes por coronavírus em Santa Catarina é maior do que a população de 104 cidades catarinenses. É como se toda a população de municípios como Abdon Batista, Tigrinhos e Santiago do Sul deixasse de existir.
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Os dados populacionais têm como base o Censo do IBGE de 2010, e as informações sobre vítimas de Covid-19 são da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Até esta terça-feira (22), foram 4.836 mortes no Estado em razão da doença.
Todos os 295 municípios catarinenses já registraram casos de Covid-19. O percentual é menor em relação às mortes, mas 87% das cidades já notificaram óbitos pela doença.
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Santiago do Sul, que no último Censo tinha a menor população do Estado (1.465 pessoas), contabiliza dois falecimentos. Já Abdon Batista registrou o primeiro óbito no sábado (19).
A vítima é um idoso de 77 anos, que morreu após ficar três semanas internado em um hospital em Lages. Em respeito à morte, o município de 2.653 habitantes teve cancelada a inauguração do monumento a Santa Catarina, que aconteceria no domingo. Segundo a prefeitura de Abdon Batista, três moradores têm suspeita de contaminação pelo coronavírus.
Cidades com menos habitantes do que o total de mortos por Covid-19
https://www.datawrapper.de/_/gRvyn
Entre as 104 cidades com menos habitantes do que o total de mortes por Covid em SC, a maioria se espalha entre as regiões de Xanxerê, Alto Uruguai Catarinense e Oeste.
Apenas Xanxerê está classificada em nível grave, o segundo mais alto na matriz de risco de SC. As outras duas seguem no gravíssimo, o que coloca em alerta as cidades em relação ao monitoramento de casos, capacidade de atenção em saúde e ao número de casos ativos e mortes.
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Crescimento progressivo de casos
Para a doutora em Saúde Pública Ana Luiza Curi Hallal, o fato de o número de mortes por Covid-19 em SC ser maior do que a população de mais de 100 cidades evidencia o crescimento no número de infectados no Estado. Essa expansão, alerta Hallal, impacta no número de pacientes graves e, consequentemente, nas mortes:
— A gente está tendo um crescimento tanto no número de casos como no número de óbitos no Estado, com sobrecarga do sistema [de saúde]. Infelizmente, isso é progressivo. Quanto mais nós vemos a flexibilização das medidas, maior número de casos e proporcionalmente maior número de casos graves, maior sobrecarga no sistema e maior número de óbitos.
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Para Hallal, as flexibilizações precoces e a falta de coordenação do governo do Estado foram determinantes para o cenário atual da pandemia em Santa Catarina. A especialista avalia ainda que ambos fatores impactaram para que, diferente do verão europeu, os casos estejam em expansão aqui durante o início da estação.
— Houve uma dificuldade de compartilhamento de responsabilidades. Isso dificultou o manejo nos municípios e no Estado como um todo. […] A clara falta de coordenação do Estado nesse processo teve muita repercussão. Uma delas, de forma negativa, foi o aumento de casos e óbitos.
https://www.youtube.com/watch?v=SCAW_KQQlco
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