Mudanças profundas fizeram com que as pessoas alterassem por completo a forma de viver após a pandemia de Covid-19. Para o enfrentamento da doença, por exemplo, muitos passaram a trabalhar em home office, acabando com a necessidade de deslocamentos pelas cidades. Apesar do fim da pandemia anunciado em cinco de maio deste ano, três anos após o seu início, as alterações no modelo de trabalho de inúmeros profissionais parecem ser definitivas. Com isso se transforma também a lógica de ocupação das cidades e se ampliam as possibilidades de valorização desses espaços. Assim que ganha força o conceito de “cidade playground”.
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De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) o número de pessoas em home office caiu desde a pandemia, mas ainda se mantém distante do cenário que se tinha antes de 2020. Em outubro de 2022, cerca de 32,7% das empresas brasileiras contavam com funcionários trabalhando remotamente, em comparação com 57,5% no ano anterior. O percentual de pessoas em home office ou no modelo semipresencial também caiu nesse período, passando de 55,5% para 34,1%.
Com o fim da necessidade de deslocamento para o trabalho, muitas pessoas decidiram priorizar outros fatores para escolher o lugar onde morar. Estar perto do escritório, por exemplo, cedeu vez a desejos como viver em lugares mais tranquilos ou próximos da família. Para atender esse novo modelo de vida, por consequência, as cidades precisaram se reinventar, mudando elas também a prioridade no modelo urbano.
Bairros tradicionalmente comerciais estão mais esvaziados do que antes. Escritórios, bares e restaurantes projetados para receber um fluxo elevado de trabalhadores e clientes agora precisam se ajustar com um público consideravelmente menor. Enquanto isso, nos endereços que antes eram majoritariamente residenciais, a demanda por espaços de lazer e gastronomia esbarra em uma estrutura ainda insuficiente.
Para contornar essa realidade estimulando a socialização e retomada completa das cidades, esses locais estão sendo completamente reconfigurados. As “cidades playgrounds”, como são chamadas, se preocupam em oferecer aos cidadãos novas possibilidades de uso do espaço urbano. Nelas, a interação humana e a diversidade de aproveitamento desses ambientes são incentivadas. Para isso, são considerados aspectos de entretenimento, serviços, gastronomia e lazer que valorizam a ocupação da cidade, tornando esses espaços mais vibrantes e atraentes.
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Um exemplo desse tipo de ocupação vem de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Conhecida como a capital financeira do país norte-americano, investimentos na criação de bairros de uso misto – cuja economia é proveniente de diversas fontes – tornaram-a também um reduto de entretenimento e diversão, com serviços e atividades sendo oferecidas de forma descentralizada.
Cidades playgrounds no pós-pandemia
Com belos atrativos naturais e excelentes taxas de qualidade de vida, Santa Catarina se tornou um destino recorrente entre aqueles que desejavam mudar de ares no pós-pandemia. Além disso, a força do ecossistema de tecnologia no Estado, um dos que mais aderiu ao modelo de trabalho remoto, permitiu que inúmeros trabalhadores pudessem redefinir as prioridades para elencar o melhor lugar para viver dentro das cidades.
Esses dois movimentos combinados geram as oportunidades ideais para transformar os espaços urbanos em ambientes de convivência e de valorização dos bairros. Para isso, é possível utilizar as estruturas já existentes, como complexos culturais, praias e parques, para elaborar bairros que se desenvolvam a partir de uma economia mista.
Partindo de uma visão que vai além da oferta de opções de entretenimento para as famílias que agora passam a ocupar diferentes regiões, as cidades playground reconfiguram esses espaços para que possam atender às diversas demandas de quem mora e passa pelo local. Com isso, são criadas comunidades mais sustentáveis, com uso diversificado do solo, equilíbrio entre espaços comerciais, residenciais e de serviços, bem como aparelhos de lazer e cultura acessíveis a todos.
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Como reflexo desse equilíbrio da participação de diversos atores, a sociedade passa a ter acesso próximo e facilitado a parques, teatros e serviços de educação e saúde, por exemplo. Enquanto isso, empreendedores passam a desfrutar de um público fiel que vive e circula pela região e governos se beneficiam do aumento da segurança pública, com circulação contínua de pessoas por todos os bairros, e do aquecimento da economia com a retomada completa das atividades.
Para que as cidades playgrounds se tornem realidade, porém, é preciso que exista alinhamento entre as esferas públicas e privadas, com a elaboração de um planejamento que vise a construção desses ambientes projetados para atender o novo momento.
O CBN Cidades tem o oferecimento do Square SC, Sebrae e Zoho Workplace.
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