(Foto: Arte NSC Total)

O conceito de City Lab ou Living Lab pode ser entendido como um laboratório do mundo real, um laboratório vivo, onde a própria cidade vira um laboratório ao servir como uma plataforma que permite o teste em escala de novas tecnologias, garantindo que sejam aprimoradas antes de serem introduzidas no mercado. Com a aplicação deste conceito ganha a cidade, ganham os empreendedores e ganha a população, que pode se beneficiar de muitas tecnologias em fase de teste e que são doadas ao município em contrapartida.

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Um detalhe importante é que os próprios cidadãos se engajam nos projetos e ajudam a melhorá-los. O City Lab enfatiza a centralidade do usuário durante o processo, o estabelecimento de uma metodologia de pesquisa, desenvolvimento de novas soluções e considera o que acontece em contextos da vida real.

Como isso funciona na prática?

Inicialmente, são realizadas ações de incentivo para revitalizar e aproveitar espaços e áreas pouco utilizadas ou em estado de abandono, além de buscar parcerias ou compartilhamentos de espaços. Este mapeamento é feito com ferramentas para sistematizar a consulta e publicação das oportunidades de crescimento e investimento presentes nas cidades. Com isso, tem-se a redução do tempo de busca e escolha por um espaço, pois o objetivo é conectar rapidamente oferta e demanda por local.

Para facilitar e atrair novas empresas e investimentos para a região é indispensável a coleta de relatórios com os elementos presentes no município e na região. São levantadas informações de infraestrutura de telecomunicações, de mobilidade e logística, projetos estruturais em andamento e planejamento, estrutura educacional, serviços sociais em geral, ciência, tecnologia e inovação, serviços especializados, cultura, entretenimento e economia.

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Um bom exemplo desse modelo vem da Inglaterra, o London Infrastructure Map, que permite ao usuário explorar dados e informações sobre atuais e futuros projetos de infraestrutura da cidade. As informações utilizadas no sistema, que é georreferenciado, são gerados por provedores de gás, água, energia, telecomunicações, a própria prefeitura e outras agências públicas.

O mais robusto levantamento de informações é o Underground Infrastructure Mapping Plataform, usando a cidade de Chicago (USA) como laboratório (city lab). A plataforma pretende gerar, organizar, visualizar e armazenar em 3D dados das estruturas “enterradas”, buscando favorecer governos e empresas em seus processos de planejamento e construção com grandes economias. De forma colaborativa desde 2016, instituições estão trabalhando no desenvolvimento de uma tecnologia capaz de mapear a infraestrutura debaixo da terra.

O investimento em tecnologias para obtenção de dados de interesse público busca melhorar a tomada de decisões na gestão da cidade, que se desdobra em projetos e serviços que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos. As áreas estudadas podem incluir saneamento, vagas de estacionamento, câmeras de segurança, semáforos, energia elétrica, leitos hospitalares disponíveis, qualidade do ar e da água, temperatura, entre outras esferas da vida urbana. É importante assegurar o acesso a dados e informações públicas relevantes ao cidadão, gerando engajamento social em ambientes físicos e virtuais, permitindo o envolvimento da comunidade no planejamento e desenvolvimento da cidade.

O que queremos são ecossistemas urbanos inovadores caracterizados por uma utilização generalizada de TICs na gestão de seus recursos, desenvolvendo a economia regional por meio do incentivo ao empreendedorismo e inovação, atraindo e retendo talentos em função das características de uma cidade inteligente. Tornando assim, cidadãos como agentes-chave de mudança em um caminho para o crescimento, ampliando a criatividade com o suporte de plataformas virtuais para resolver os problemas de sustentabilidade das cidades, desenvolvimento urbano inteligente, inovação urbana e capacitação e empoderamento para inovação.

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*Fabiano Odebrecht é diretor executivo da Incubadora Gene de Inovação e Tecnologia

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