O mercado da cerveja artesanal cresceu 20% no Brasil em 2014 e é um dos que mais têm se desenvolvido recentemente. Em Santa Catarina, novas cervejarias se misturam a marcas tradicionais que ajudaram a moldar o mercado na última década. Para unir esse mercado e oficializar o turismo cervejeiro como um ponto forte do Estado e, especialmente do Vale do Itajaí, municípios e entidades estão se mobilizando em torno da rota Vale da Cerveja, uma iniciativa das cervejarias artesanais da região com parceria do poder público e diversas entidades ligadas ao turismo, hotelaria e comércio na região, que deve ser lançada em março do ano que vem, durante o Festival Brasileiro da Cerveja.

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Em uma reunião na Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi) nesta terça-feira, o projeto foi apresentado para empresários e líderes de entidades das 16 cidades do Vale Europeu que possuem atrativos turísticos que podem fazer parte da rota. De acordo com o diretor da Escola Superior de Cerveja e Malte, Carlo Bressiani, a ideia é reunir nos roteiros uma experiência do Vale da Cerveja, desde o hotel até a cervejaria, passando por restaurantes e comércio.

– A cerveja nasceu da nossa história aqui na região, então temos uma tradição para contar aos turistas. É algo que vai durar mais tempo, não é uma visita a um lugar, é uma experiência de dias para quem quer conhecer os atrativos. Vamos organizar pacotes que mostram desde o hotel mais adequado até onde o turista pode ir comer, fazer um curso de degustação de cerveja ou conhecer as fábricas – explica Bressiani.

De acordo com o diretor do Blumenau e Vale Europeu Convention & Visitors Bureau, Valmir Zanetti, pelo menos 50 setores seriam envolvidos no projeto, desde a rede hoteleira até o transporte, mobilizados e qualificados para atender o turista e informar sobre a rota. Durante os próximos meses, o comitê gestor do projeto, formado pelas cervejarias, prefeitura de Blumenau e entidades de classe, deve reunir os estabelecimentos que vão participar da rota e dar os primeiros passos para tirar o projeto do papel.

A primeira parte visível para o público deve ser o site oficial, que vai reunir as informações de todos os estabelecimentos da rota, com mapa de como se deslocar e serviços oferecidos. Na sequência, segundo Bressiani, serão criados os roteiros específicos que as agências de viagem poderão vender, com opções de curta e longa estadia no Vale.

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Para administrar a rota será criada uma nova entidade formada por representantes do comitê. Segundo Zanetti, a Instância de Governo do Vale Europeu será cadastrada ao Ministério do Turismo e, a partir da criação da Rota da Cerveja, poderá investir em novos roteiros turísticos para a região, como o religioso ou o de esportes de aventura. O poder público entra na iniciativa como agrupador das entidades, segundo a gerente de planejamento turístico da secretaria de Turismo de Blumenau, Sandra Cristina Nienow. Além disso, dos R$ 84 mil já investidos na criação do projeto, pouco mais da metade veio da prefeitura da Blumenau. Os outros R$ 43 mil foram divididos entre as 11 cervejarias participantes e as entidades – CDL, Sindilojas, Sihorbs e Convention Bureau.

Na apresentação do projeto, Bressiani comparou o potencial turístico da região com o Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, que em 2015 já atraiu cerca de 350 mil visitantes. Em um cenário imaginando que o Vale da Cerveja atrairia 100 mil visitantes em 2017, o faturamento entre hotéis, restaurantes, cervejarias, comércio e outros serviços chegaria a R$ 150 milhões no ano, um acréscimo de 20% no PIB turístico da região. A adesão dos empresários e comerciantes da região na reunião foi positiva, segundo Zanetti, que destacou que a iniciativa é interessante para todos os setores, que podem suprir com o turismo porcentagens de lucro perdidas nos últimos anos.