Cidades do Litoral Norte contabilizam estragos causados pelo vendaval

Para muitas famílias a manhã de quinta-feira foi destinada a contabilizar os estragos causados pela ventania da tarde de quarta-feira. As rajadas de vento chegaram a 54,7 km/h segundo a Epagri/Ciram, órgão estadual que monitora as condições do clima, na região.

Em Camboriú, mais de 60 casas sofreram com destelhamentos. A parede de uma construção caiu sobre uma residência e uma academia ficou destruída. Quieto por natureza, o lutador de MMA Rafael Morcego, 27 anos, manteve-se ainda mais silencioso na quinta-feira. A academia que ele mantinha em cima da casa onde mora, no Bairro Tabuleiro, foi abaixo com o vendaval.

– Ele não fala nada, só vai ali, dá uma olhada – comentou a mãe do atleta, Zuleima da Silva, 49 anos.

Zuleima conta que correu para fechar a janela quando percebeu que começava a ventar forte. Depois disso, ela não lembra sequer de ter ouvido barulho.

– O vento parecia coisa daqueles filmes em que o carro saiu voando no meio do tufão. Mas fiquei tão nervosa que não ouvi nada – conta.

Era por volta de 16h30min quando as paredes desabaram. Por ser período de férias não havia ninguém na academia no momento. Morcego descansava em casa e os atletas que haviam treinado durante o dia já tinham ido embora.

Quinta-feira, Zuleima caminhava em meio aos escombros. Diante de tijolos e de uma janela destruídos, um boneco usado nos treinos era uma das poucas coisas que sobrou em pé. Alguns dos cerca de 50 alunos da academia do Morcego apareceram para consolar o lutador, mas voltar a treinar só em fevereiro. A academia funcionava há três anos e, segundo Zuleima, será reconstruída.

– Vamos deixar assim agora que é fim de ano e reconstruir no ano que vem para em fevereiro estar tudo pronto – diz a matriarca, que lembra que a academia era o ganha pão do filho.

Parede desaba

Distante dali, no Santa Regina, a parede de uma construção caiu sobre a casa da dona de casa Naiara Ancini, 22 anos. Foi o tempo dela correr para desligar a televisão e o telhado desabou:

– Só avisei o meu marido pra ele tirar os pássaros da rua, fui desligar a televisão e já ouvi um barulhão.

Os escombros da construção caíram sobre o telhado da casa de Naiara e foram parar dentro da residência. Algumas telhas bateram na dona de casa, que precisou de um curativo no braço. Móveis e um notebook também foram danificados. Na tarde de ontem ela estava abrigada na casa da irmã. A sala e parte do quarto destelhados permaneciam sem cobertura e ela esperava uma providência do vizinho.

De acordo com a Defesa Civil municipal, a obra que desabou era irregular e a dona de casa foi orientada a acionar a Justiça. Além disso, cerca de 60 casas na cidade sofreram com destelhamentos por conta do vento. O bairro mais atingido conforme a Defesa Civil foi o Tabuleiro.

Estragos na região

Uma pessoa que ficou ferida com a queda de uma tenda no Sky Beach Club, no Estaleirinho, em Balneário Camboriú, permanecia internada em observação até a tarde de quinta-feira. Seis pessoas se machucaram quando a estrutura se desprendeu e caiu na praia devido à ventania.

De acordo com o dono do clube, Jaison Corrêa, nenhum dos feridos sofreu fratura e cinco foram liberados do hospital ainda na quarta-feira. O cliente que continua em observação está com dores na clavícula, segundo ele. Além disso, a Defesa Civil municipal registrou 12 destelhamentos parciais de casas no Bairro Vila Real.

Em Bombinhas, de acordo com os bombeiros, seis árvores caíram em bairros diversos da cidade. Mesmo assim, ninguém se feriu e não houve danos materiais graves. Em Itajaí duas casas da zona rural foram destelhadas.

Moradores devem ficar atentos

A Defesa Civil de Itajaí informa que os moradores devem ficar alerta a partir de sexta-feira para o risco de deslizamentos de terra, por conta da chuva. A previsão indica que pode chover a qualquer hora do dia nesta sexta e no sábado. De acordo com a meteorologista Marilene de Lima os ventos podem chegar a 70 km/h hoje em alto mar, o que desfavorece a navegação.

Apesar disso, um vendaval tão intenso quanto o de quarta-feira está descartado. Marilene diz que o temporal que destelhou casas na região foi causado pelo encontro de massas de ar muito diferentes. O calor que vinha fazendo se chocou com a chegada de uma frente fria ao Estado. Por isso ventou forte em várias regiões de Santa Catarina. Sexta-feira as rajadas de vento não devem chegar com tanta intensidade à costa.