Durante 50 anos, a ponte pênsil entre Passo de Torres (SC) e Torres (RS) foi um dos principais pontos turísticos em comum no litoral dos dois Estados. Porém, o local está interditado há dois meses e ninguém cruza o rio Mampituba. Agora as prefeituras das duas cidades unem esforços para consertar a ponte pênsil, fechada em junho devido ao rompimento dos cabos de sustentação do lado gaúcho.

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Na quinta-feira, dia 28, as prefeituras das duas cidades finalmente começaram a se entender. Uma reunião encaminhou estratégias que deverão ser adotadas, e na próxima semana deve ser definido o que será feito para que a ponte volte a ser liberada.

Com 30 metros de extensão, a passarela foi inaugurada em 24 de outubro de 1964 e revitalizada em 1985. Muita gente a utiliza diariamente para trabalhar e fazer compras. No verão o local se torna ponto turístico.

Vista aérea da região de divisa entre Passo de Torres (SC) e Torres (RS)

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Foto: Acervo Jaime Luis da Silveira Batista

No fim de junho, com o rompimento dos cabos, as prefeituras fecharam a ponte, mas como algumas pessoas insistiam em subir mesmo assim, foi retirado o assoalho de madeira para evitar acidentes, já que a profundidade do rio no local é estimada em sete metros.

A prefeitura de Passo de Torres conseguiu uma verba de R$ 100 mil junto ao governo do Estado para as reformas, mas a administração municipal acredita que o valor seria insuficiente. Mesmo assim, o prefeito Juarez Godinho Scheffer garantiu que, mesmo sem a ajuda financeira da vizinha Torres, iniciará as obras.

Já a prefeita da cidade gaúcha, Nílvia Pinto Pereira, disse que não autorizaria a liberação de nenhum dinheiro sem um laudo técnico elaborado pelos engenheiros das duas prefeituras apontando exatamente quais os serviços necessários.

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Porém, mesmo sem saber os custos e a data de início dos trabalhos, ela garantiu a reforma até o verão. Para resolver o impasse, Juarez e Nílvia se reuniram e concordaram com a criação de um grupo de trabalho com representantes das duas prefeituras para buscar a efetiva solução.

Ponte foi inaugurada em 1964 e passou por reinauguração em 1985

Foto: Acervo Jaime Luis da Silveira Batista

Nova reunião está marcada para segunda

A prioridade é fazer uma reforma emergencial para liberar a ponte o quanto antes e depois elaborar um projeto para a construção de uma nova ponte limitada a pedestres e, no máximo, motocicletas. Neste domingo, um especialista de Criciúma analisa a viabilidade técnica e os custos para içar os cabos da ponte. Nova reunião ocorre segunda-feira para discutir o tema.

Ponte desabou com 40 pessoas no dia da reinauguração

Um dos fatos mais marcantes e bizarros nestes 50 anos de histórica ocorreu em 1985, durante a reinauguração da ponte pênsil.

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O historiador Jaime Luis da Silveira Batista, gestor cultural de Passo de Torres, lembra que os então prefeitos de São João do Sul (SC), Renato Porto Santos, e de Torres, Clóvis Webber Rodrigues, estavam sobre a passarela para o ato simbólico.

Pelo menos outras 40 pessoas acompanhavam o evento em cima da ponte. E devido ao excesso de peso, uma barra de ferro que puxava o cabo de aço no lado catarinense rompeu e a ponte virou. Todas as pessoas que estavam lá em cima caíram no rio, mas foram socorridas a tempo e ninguém morreu ou se feriu.

O historiador recorda até hoje que o fato foi noticiado inclusive pelo jornalista Cid Moreira no programa Fantástico, da Rede Globo.

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_ Um fato sucupirano ocorreu na divisa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Uma ponte rompeu no momento em que estava sendo inaugurada exatamente quando os prefeitos de Torres e São João do Sul apertaram as mãos _, teria anunciado Cid Moreira.

O historiador Jaime Batista lembra ainda que, dentre as várias histórias curiosas relacionadas ao incidente, está a de um padre que, ao cair na água, ficou com as mãos para cima para não molhar a Bíblia Sagrada.

_ Se fosse hoje, quando todo mundo anda com câmera fotográfica e filmadora, haveria registros de sobra daquele episódio _, conclui o historiador.

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