Já imaginou poder se sentar numa arquibancada e desfrutar de um pôr do sol às margens do Itajaí-Açu? Ou então fazer um passeio de barco no rio por onde chegaram os colonizadores do Vale? Essas são possibilidades próximas de se tornarem realidade fruto de uma percepção do poder público: é preciso estreitar a relação dos moradores com o gigante sinuoso que corre em direção ao mar.
Décadas atrás o Itajaí-Açu era instrumento de lazer. A historiadora Sueli Petry lembra, por exemplo, dos piqueniques às margens do rio, dos campeonatos de canoagem, dos concursos de pesca ao robalo, da escolinha de natação bem no meio do maior curso d’água do Vale. As fotos do Arquivo Histórico de Blumenau são repletas de boas recordações tendo ele como cenário.
O professor Lauro Bacca também recorda os tempos áureos do local. Ele conta que em 1970 tinha até guarda-vidas na Prainha por causa da quantidade de banhistas. E por falar nela, não se pode esquecer o lendário Skol Rock. O festival levou milhares de pessoas às margens do Itajaí-Açu entre 1994 e 1996. Como não lembrar dos Mamonas Assassinas reunindo 42 mil pessoas em plena curva do rio?
O tempo passou, o movimento acabou e os eventos praticamente desapareceram. Mas uma iniciativa relativamente recente, o Blumenau a Bordo, mostrou que o público é receptivo a boas iniciativas. Agora Blumenau e Gaspar investem em infraestrutura para chamar a atenção da iniciativa privada, com o objetivo de atrair eventos para a comunidade.
— O rio é muito pouco usado e nós temos buscado, através das obras, esse reconhecimento da importância do Itajaí-Açu. Estamos enquanto cidade se reencontrado com o rio — diz o secretário de Turismo e Lazer de Blumenau, Marcelo Greuel.
Em Gaspar o prefeito Kleber Wan-Dall chama atenção à mudança de percepção das pessoas diante do rio, sempre muito relacionada aos episódios de cheia. A proposta dele é, além de estruturas de lazer, provocar uma reflexão ambiental, voltada à conscientização quanto à preservação, e também de resgate histórico.
— A ideia é, na medida do possível, dar um outro olhar para o rio. Até porque se a gente não vê, a gente não cuida — afirma.
Confira os projetos de Blumenau e Gaspar
Prainha: palco de grandes eventos e por muito tempo fazendo às vezes de praia mesmo para o blumenauense, a estrutura ficou de lado nos últimos anos. A prefeitura sabe que tem esse “débito” com os moradores e espera que ele seja quitado com a revitalização do local. O projeto encanta os olhos com direito a píer para pequenas embarcações, concha acústica recuperada para receber apresentações culturais e ainda cinco mirantes. A obra, orçada em R$ 4 milhões, também dá ao Vapor Blumenau um espaço digno com direito à espelho d’água e rampa de acesso vindo da rua à embarcação. O restauro dele não está contemplado, mas o secretário de Obras, Michael Maiochi, conta estar trabalhando para ajustar o orçamento e tentar fazer uns retoques de pintura e troca de peças, afinal é o dono da casa. O espaço deve ficar pronto para o visitante no primeiro trimestre de 2022. – (Foto: Projeto, PMB)
Parque Linear: o trecho na margem esquerda do Itajaí-Açu, no Centro, é outro ponto que deve ganhar vida. Segundo os planos da prefeitura de Blumenau, será um espaço para caminhada e contemplação da paisagem do rio, também com direito à mirante e bastante arborização. É um sonho antigo, que muitos acreditavam se tornar realidade quando o local passou por obras de contenção. Não deu certo na época por falta de dinheiro, mas a Secretaria de Obras diz estar mais perto do que nunca de ser concretizado. Ainda este ano será lançada a licitação para revisão do projeto. Depois precisa definir quem vai executar os serviços, que devem levar até um ano e meio para conclusão após o início. Quando ficar pronto, o Parque Linear vai compor uma espécie de complexo de lazer indo da Ponte de Ferro ao encontro da Prainha. – (Foto: Projeto, PMB)
Parque Náutico: a obra está em fase de execução da primeira etapa. É um projeto audacioso pela proporção, não à toa está orçado em R$ 9 milhões. Em uma área de 15 mil metros quadrados, na cabeceira da Ponte do Vale, a prefeitura de Gaspar trabalha para construir um píer às margens do Itajaí-Açu e deve dar espaço a embarcações. A proposta contempla mirante, arquibancada, pista de caminhada, espaço para crianças. A estrutura é pensada para convívio, mas Wan-Dall está de olho também na possibilidade de atrair competições náuticas. Inicialmente, o parque será gerido pela administração municipal, mas não está descartada a possibilidade de concessão após a conclusão, o que deve ocorrer no segundo semestre de 2023. – (Foto: Projeto, PMG)
Mirante Marco Zero: em fase de finalização, a obra está bem no Centro de Gaspar e será uma espécie de extensão da Praça Getúlio Vargas para contemplação do rio. A ideia é que seja usado também para apresentações culturais e como playground às crianças. É uma obra de menor vulto, com investimento aproximado em R$ 700 mil, mas permitirá ao visitante desfrutar da paisagem e ainda conhecer a história local. Isso porque três painéis serão instalados no Mirante contando sobre o rio, os imigrantes e os pontos turísticos da cidade. Cada painel terá um QR Code remetendo ao site da prefeitura onde estarão as informações detalhadas. – (Foto: Projeto, PMG)
