Ao menos doze civis morreram nesta terça-feira nos bombardeios russos “mais violentos” dos últimos dias contra a parte rebelde da cidade síria de Aleppo (norte), enquanto cinco crianças faleceram em um ataque rebelde no sul.
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“Estes são os ataques aéreos russos mais violentos desde que o regime anunciou (em 5 de outubro) que reduziria os bombardeios na parte oriental de Aleppo”, disse Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os bairros rebeldes de Bustan al-Qasr e Ferdus foram particularmente afetados por estes ataques, segundo a fonte.
Em resposta aos bombardeios, os rebeldes dispararam mísseis contra Hamdaniyé, bairro de Aleppo sob controle governamental, com um saldo de quatro mortos.
O último fim de semana foi relativamente tranquilo na região, enquanto no campo diplomático persiste o bloqueio negociador.
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O correspondente da AFP na parte rebelde da segunda cidade da Síria – e ex-capital econômica – viu em Bustan al Qasr um edifício completamente destruído, com cadáveres entre os escombros, alguns destroçados.
Também viu alguns Capacetes Brancos – socorristas voluntários da Defesa civil local na zona rebelde – removendo os escombros com suas mãos. Outros transportavam os corpos sem vida de duas crianças, envolvidos em mortalhas brancas.
Desde o início, no dia 22 de setembro, de uma ofensiva de envergadura do exército em Aleppo, as forças pró-governamentais – com o apoio aéreo de seu aliado russo – avançam tentando retomar os bairros do leste da cidade, sob o controle dos rebeldes desde 2012.
Na cidade de Deraa, no sul do país, sob controle governamental, cinco crianças morreram em uma escola primária depois que um míssil caiu sobre o edifício, segundo os meios de comunicação oficiais e o OSDH, que também informou sobre 25 feridos.
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O saldo pode aumentar, segundo o Observatório, já que alguns feridos estão em estado crítico.
– Putin cancela viagem a Paris –
Os grupos rebeldes controlam a maior parte da província meridional de Deraa, mas não a capital da região, considerada o berço da revolução que explodiu em 2011, nas mãos do governo.
As manifestações pacíficas que exigiam reformas democráticas ao regime de Bashar al-Assad rapidamente levaram a uma guerra civil destruidora, cada vez mais complexa, com o aumento dos grupos extremistas e o envolvimento de muitos atores regionais e internacionais.
Há um ano a Rússia lançou uma campanha militar de grande porte para socorrer o regime de Damasco, que estava em dificuldades diante dos rebeldes e dos extremistas. Desde então, o exército reconquistou muitos territórios perdidos.
Mas para Damasco a reconquista de Aleppo continua sendo o principal objetivo, já que lhe permitiria obter uma vitória simbólica e estratégica ante a rebelião.
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Exemplo do bloqueio diplomático internacional, o presidente russo, Vladimir Putin, decidiu nesta terça-feira cancelar sua visita prevista para 19 de outubro a Paris, por ocasião da inauguração de um centro espiritual ortodoxo, após as acusações de crimes de guerra em Aleppo feitas pela França.
A visita de Putin despertava muito incômodo no governo de François Hollande, que na semana passada fracassou em sua tentativa de negociar um cessar-fogo para Aleppo. Seu projeto de resolução ante o Conselho de Segurança foi vetado pela Rússia.
Também nesta terça-feira, o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, pediu que sejam feitas manifestações diante da embaixada russa em protesto pelos bombardeios na Síria.
“Realmente gostaria de ver manifestações ante a embaixada russa”, afirmou Johnson durante um debate parlamentar sobre a situação em Aleppo.
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Ele criticou ainda as organizações pacifistas que encheram as ruas de Londres contra a guerra no Iraque.
“Não parece que haja um sentimento de horror proporcional entre esses grupos contra a guerra”.
* AFP