Entre as cidades mais novas de Santa Catarina, São Pedro de Alcântara completa 19 anos de emancipação na terça-feira, dia 16. Apesar de ser como uma adolescente, a cidade, que pertencia a São José, foi colonizada há 184 anos. Imigrantes alemães vieram do rio Mosela (Eifel e Hunsruck), no sudoeste da Alemanha. É a cidade que detém o título da mais antiga colônia alemã de Santa Catarina.

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Foto: Alvarélio Kurossu

O município é quase um pedacinho despercebido no mapa, e resgatar a sua origem é um desafio para Daniel Silveira, funcionário da Casa de Cultura, que funciona como um museu. Morador de São Pedro de Alcântara há mais de 20 anos e descendente de alemães, ele lamenta que os registros documentais foram aos poucos sendo perdidos e as lembranças se esvaziando. Segundo Silveira, a maior perda ocorreu no governo de Getúlio Vargas.

Busca constante pela história

-Na época, a ordem era queimar e eliminar qualquer vestígio dos alemães. Assim, boa parte dos objetos trazidos por eles, em 1829, foi perdida. Aqui na Casa da Cultura sobrou pouca coisa. Temos uma caixa de casamento (recebida de presente do padrinho para guardar bilhetes com as expectativas do casal e que só podiam ser abertas quando um deles falecesse), uma boneca e algumas lápides-, conta.

Aos poucos, Silveira vai juntando as peças como em um quebra-cabeça para recontar a história da imigração na cidade. Consegue um documento aqui, outro ali. No computador, guarda um esboço de um livro que pretende escrever sobre São Pedro. Além disso, também contribui com as apresentações de um grupo folclórico e recebe turistas.

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-Na área central, pouco restou dos casarios antigos em estilo germânico, mas na área rural eles permanecem quase intactos-, diz.

Distante 32 km de Florianópolis, com uma população de 4.704 habitantes, São Pedro foi fundada por 635 imigrantes alemães que desembarcaram depois de três meses de viagem pelo mar, que se depararam com promessas não cumpridas e acabaram se dispersando pelo Estado.

-Na Alemanha, prometeram terra, gado e até um salário mensal para as famílias deixarem o país. Chegando aqui, foram jogados em mata fechada para se virarem sozinhos. Muitos, diante das dificuldades, morreram na viagem e outros em busca de novas terras em outras cidades, mas os primeiros pisaram aqui-, relembra.

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Sentindo-se esquecida pelo governo estadual nos quesitos saúde, educação e infraestrutura, os moradores passaram a lutar para se emancipar de São José a partir de 1990. Queriam melhores escolas e rodovias pavimentadas. Segundo Silveira, muitos desejos foram realizados, mas as estradas ainda precisam de atenção.

-Conseguimos a pavimentação da rodovia SC-407, mas ainda precisamos de melhorias até as comunidades rurais-, conta.

História de São Pedro de Alcântara

A chegada

Foto: reprodução

Em 1829, após longa travessia do Atlântico e passagem pelo Rio de Janeiro, então capital imperial, os primeiros navios chegaram à cidade de Desterro, atual Florianópolis. Os veleiros traziam a bordo 635 imigrantes, entre agricultores, artesãos e soldados, em sua maioria da Região do Rio Mosela (Hunsrück e Eifel), hoje estado da Renânia-Palatinado, na Alemanha.

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A instalação

Ocorreu às margens do Caminho das Tropas, denominado pelos alemães de “Kaiserlicherweg” (caminho imperial), primeira ligação da cidade de Desterro com a Vila de Lages.

A igreja

Foto: Alvarélio Kurossu

Construída em 1929, no primeiro centenário da imigração alemã, a igreja matriz tem altar esculpido em madeira da Alemanha e abriga imagens sacras bem trabalhadas. Sua cúpula remete à basílica de São Pedro, no Vaticano.

Rota da cachaça

São Pedro de Alcântara tem na produção de cachaça o principal atrativo para o turismo. Na rota da cachaça, o visitante conhece todo processo iniciado pela moagem da cana até o envelhecimento no barril. São nove cachaçarias no estilo germânico. Visitas podem ser agendadas pelo telefone (48) 3277-0151.

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