Os números são eloquentes: algo como 100 mil colombianos que fogem da guerrilha e 40 mil venezuelanos que buscam estabilidade moram no Panamá, centrando suas vidas especialmente no entorno da Cidade do Panamá, a capital. O país centro-americano teve crescimento econômico de 10,6% em 2011 e não deve crescer menos que 7,5% em 2012, apesar da crise internacional. Convicção de quem vive por lá: a Cidade do Panamá é uma “nova Miami”.

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– Eu e meu marido vendemos nosso apartamento e viemos há quatro anos. Temíamos a violência na Venezuela. Sinto-me em casa. O panamenho conviveu por 85 anos com os americanos, por causa do canal. Recebem bem os estrangeiros – relata a psicóloga venezuelana Sofía Socorro.

Apesar da forte presença colombiana – a nacionalidade líder entre os imigrantes -, o que mais chama a atenção é o êxodo venezuelano. Motivo: faz tempo que os colombianos se espalham pelo mundo fugindo dos grupos guerrilheiros e do narcotráfico. Se são 100 mil no Panamá, outros milhares se dispersaram pelos também próximos Equador e Venezuela, além da Espanha.

Quando se fala de venezuelanos, o fenômeno é mais recente. As pessoas chegaram à linda costa panamenha nos últimos anos. Depararam com ruas limpas, oportunidades de emprego, hospitalidade e facilidades para investir. E ficaram.

– Estima-se em 39 mil os venezuelanos no Panamá, mas chegamos a 42 mil. O nível de investimentos é cada vez maior, nos setores da construção civil, bancário, agrícola, hoteleiro e gastronômico – diz Miguel Ángel Cuartín, presidente do Centro Venezuelano Panamenho.

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O futuro é o Canal*

Apesar de ter se transformado em um destino de compras, o Panamá é muito mais do que o paraíso dos consumistas. Quem desembarca atrás dos freeshops nem imagina o que está perdendo. E não estou falando do Canal do Panamá – apesar de ele sozinho já valer a viagem.

Estive no início deste ano rapidamente no país. Fiquei menos de quatro dias, mas o pouco que vi foi o suficiente para despertar minha curiosidade a ponto de querer voltar a um lugar para onde jamais havia imaginado viajar. Entre uma entrevista e outra, percebi que a capital não é uma, mas duas: de um lado arranha-céus imponentes, como o do hotel Trump Ocean Club (Donald Trump é um dos investidores da região), e de outro uma cidade sem infraestrutura que muda rapidamente, mas que conquista com seu charme e suas cores. Por trás de toda a agitação estão os investimentos no Canal do Panamá, que chega aos cem anos em 2014 com uma recauchutagem geral.

A ampliação do canal e a concessão de benefícios fiscais têm levado muitas empresas a transferirem suas sedes para o país, gerando emprego para a população, carente de oportunidades. O resultado é uma inquietação generalizada, inclusive no centro histórico da capital, que passa por uma grande restauração. E foi ali, depois de um jantar de trabalho, que me apaixonei pela cidade.

Mesmo com andaimes e material de obra por toda a parte, os prédios antigos e bares com música ao vivo encantam. Andando pelas ruelas de paralelepípedos, ouve-se um som diferente a cada esquina, como em uma casa de jazz (a influência americana é enorme). E há também uma programação imperdível: dançar salsa. Só que essa eu perdi. E é por isso que um dia eu vou voltar.

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* Texto de Marcela Duarte