Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, foi a cidade que acolheu o maior número de imigrantes venezuelanos nos últimos cinco anos. Os dados fazem parte do levantamento da Operação Acolhida – força-tarefa do governo federal em parceria com organizações para atendimento e assistência aos imigrantes – que também aponta que o estado catarinense foi a unidade da federação que mais recebeu venezuelanos no país. As informações são do g1 SC.

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Conforme o estudo, entre o fim de 2018, no pico da crise humanitária na Venezuela, e julho de 2023, Santa Catarina recebeu 24 mil imigrantes. Desses, 4,4 mil desembarcaram em Chapecó. Em seguida vêm Joinville, com 2,2 mil, e Florianópolis, com 1,2 mil, durante o período. (veja a lista completa abaixo)

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A Prefeitura de Chapecó afirma que os motivos para a preferência estão questões geográficas, profissionais, econômicas e ofertas de serviços públicos de saúde. Além disso, o município faz fronteira com o Rio Grande do Sul, o que facilitaria o deslocamento para outras regiões do país.

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Já o governo catarinense aponta que a escolha pelo Estado está relacionada à “excelente qualidade de vida e ótimas oportunidades de emprego”. Depois de Santa Catarina, Paraná é o estado que mais recebeu venezuelanos, com 19,9 mil imigrantes, seguido do Rio Grande do Sul (17,1 mil), São Paulo (12,6 mil), Mato Grosso do Sul (6,1 mil) e Minas Gerais (5,8 mil).

Veja as cidades de SC que mais receberam venezuelanos nos últimos cinco anos:

  • Chapecó (4,4 mil)
  • Joinville (2,2 mil)
  • Florianópolis (1,2 mil)
  • Balneário Camboriú (1 mil)
  • São Miguel do Oeste (1 mil)
  • Blumenau (818)
  • São José (768)
  • Seara (685)
  • Concórdia (665)
  • Itapiranga (665)

Viagem de 15 horas e melhoria na qualidade de vida

Entre os imigrantes que deixaram a Venezuela e vieram para Santa Catarina está Marlins Delvalle Ojeda Marquez, de 25 anos. Ela deixou o país há cerca de dois meses, acompanhada do namorado e dos dois filhos de cinco e 13 anos.

Ela conta que viajou mais de 15 horas até chegar na cidade de Pacaraima, em Roraima. Localizado na fronteira, o município é responsável pela entrada de 72% dos imigrantes vindos da Venezuela. Um mês depois, Marlins foi para Boa Vista, capital roraimense e, em 16 de setembro, chegou em Criciúma, no Sul de Santa Catarina.

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— Minha expectativa é trabalhar, dar uma melhor vida para os meus filhos, para que eles possam crescer com coisas boas — destaca.

Em solo catarinense, ela pretende “mandar um pouco de dinheiro para a minha família”.

— Nunca quis sair do meu país, mas estou fazendo pela necessidade — explica.

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Mais de um milhão de venezuelanos

A Operação Acolhida mantém cinco abrigos em Roraima, estado pelo qual a maioria dos venezuelanos entram no Brasil. As famílias procuram os locais, principalmente, para a emissão dos documentos.

O comandante da força-tarefa, general de Divisão Helder de Freitas Braga, explica que cerca de um milhão de imigrantes já entraram no país, sendo que 454 mil foram para outros países, enquanto cerca de 480 mil permaneceram no Brasil.

Deste total, aproximadamente 25% passa pelo programa, que auxilia na realocação pelo Brasil. Já a outra parte segue por conta própria.

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Só nos primeiros três meses de 2023, entraram no país 51.838 migrantes e refugiados, ou seja um contingente que representa 32% do número registrado em todo o ano passado.

Em Santa Catarina, por exemplo, houve um salto. No primeiro semestre desse ano, 4,5 mil venezuelanos chegaram ao estado pela Operação Acolhida. Ao comparar com o último semestre de 2022, o aumento foi de 12%.

Venezuelanos que chegaram a SC por semestre:

1º sem. 2019628
2º sem. 20192.117
1º sem. 20201.691
2º sem. 2020254
1º sem. 20211.880
2º sem. 20213.497
1º sem. 20223.594
2º sem. 20224.066
1º sem. 20234.554

Para o deputado estadual Fabiano da Luz (PT), que participou da missão oficial em Roraima, é necessário promover a inclusão social e socioeconômica dessas pessoas.

— É fundamental criarmos estratégias para aliviar a pressão sobre os serviços públicos das cidades, com políticas públicas e investimentos. […] Nossa ideia é debater e propor que Santa Catarina e os municípios tenham estruturas de organização parecidas com Roraima, para que o imigrante consiga se inserir na comunidade — destaca.

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Já a Secretaria da Assistência Social, Mulher e Família (SAS) informou, por meio de nota, que o principal desafio é garantir que os imigrantes tenham acesso a políticas públicas de todas as áreas, além de acesso a trabalho.

Por conta disso, o estado tem articulado parcerias com diversas entidades governamentais e não governamentais, além de realizar ações intersetoriais, como mutirões para confecção de documentos e encaminhamento para o mercado de trabalho.

“A SAS, por meio da Diretoria de Direitos Humanos, também é responsável por receber as denúncias de violação de direitos contra os imigrantes e encaminhamento aos órgãos necessários e acompanhamento dos casos”, destaca o texto.

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