Com cerca de 6 mil habitantes e apenas 19 anos de existência, o município de Luzerna, no Meio-Oeste de SC, é apontado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) como a cidade de menor índice de vulnerabilidade social (IVS) do país.

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A pesquisa divulgada na manhã desta terça-feira, em Brasília, foi realizada com base em dados do IBGE de 2000 e 2010, e mede indicadores ligados à exclusão social como mortalidade e trabalho infantil, escolaridade e tempo gasto no deslocamento entre a moradia e o trabalho.

O IVS é medido a cada década nos 5,5 mil municípios brasileiros, com base em três categorias: infraestrutura urbana, capital humano e renda e trabalho (ver indicadores abaixo). A intenção é identificar onde estão as situações de exclusão e vulnerabilidade social e, com o levantamento em mãos, orientar políticas públicas.

A cidadezinha levou uma nota média de 0,09 em uma pontuação que vai de zero a 1. Uma década antes, a nota da cidade era 0,19. Para comparação, o Brasil ficou com 0,32 – e comemora o resultado, pois era 0,44 em 2000.

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Em Luzerna, destacam-se indicadores como acesso a esgoto e coleta de lixo, que alcançam praticamente 100% da população urbana. A mortalidade infantil também melhorou bastante a nota: cerca de 10 crianças em cada 1 mil nascidas na cidade não completam um ano de idade. Em SC são 11,5 e, no Brasil, são 16,7.

Para o prefeito Moisés Diersmann, Luzerna nunca teve problemas de infraestrutura básica, mas pequenos detalhes vêm sendo corrigos na última década com apoio intenso da assistência social municipal. Índices como analfabetismo, ocupação e escolarização melhoraram.

– Tomemos a coleta de lixo como exemplo. Ela está bem estruturada, mas são necessários pequenos ajustes constantemente. E quem melhor consegue enxergar estes detalhes é justamente quem tem mais contato com os usuários do serviço: a assistência social – explica o prefeito.

Para Diersmann, a criação de um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) em Luzerna foi essencial para melhorar ainda mais os índices de vulnerabilidade.

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– Alguns municípios consideram desperdício manter um Cras, pois cidades pequenas supostamente não precisariam de uma estrutura específica como essa, com cinco ou mais funcionários. Mas não adianta você criar a melhor estrututra municipal se as pessoas que precisam dela não chegam lá, não ficam sabendo, não são estimuladas.

Santa Catarina no topo do ranking

Como um todo, Santa Catarina se destacou no levantamento, ficando no topo do ranking e sem nenhum município com vulnerabilidade social muito alta. Para comparação, a região Nordeste tem 581 cidades nesta situação; já a região Sul tem apenas uma – Charrua, no Rio Grande do Sul.

O pior índice está na cidade de Fernando Falcão, no Maranhão. A região Norte tem o pior índice do país e a maior concentração de cidades com muito alta vulnerabilidade social.

De forma geral, o Ipea afirma que o Brasil apresentou uma redução de 46% nas cidades com alta ou muito alta vulnerabilidade social – saindo de 3.610 em 2000 para 1.981 em 2010. Todos indicadores apresentaram melhora na última década, com destaque o de Renda e Trabalho.

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:: O que entra no cálculo de cada índice:

? INFRAESTRUTURA URBANA

Possui três indicadores: abastecimento de água e esgotamento sanitário adequados; coleta de lixo; tempo gasto no deslocamento entre a moradia e o trabalho.

? CAPITAL HUMANO

Possui seis indicadores: a mortalidade infantil; crianças e adolescentes até 14 anos fora da escola; mães precoces; mães chefes de família, com baixa escolaridade e com filhos menores de idade; baixa escolaridade domiciliar estrutural; e a presença dos jovens que não trabalham e não estudam.

? RENDA E TRABALHO

Possui quatro indicadores: a desocupação de adultos; a ocupação informal de adultos pouco escolarizados; a existência de pessoas em domicílios que dependem da renda de pessoas idosas; assim como a presença de trabalho infantil.