Além de causar comoção ao redor do mundo, o caso de Malala Yousafzai fez a segunda cidade inglesa se envolver de forma intensa no episódio.

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Alvejada na cabeça e no pescoço por um atirador do Talibã no Paquistão, a menina tem agitado Birmingham, na região central do país, desde sua transferência para receber tratamento médico. A comunidade paquistanesa local organiza vigílias. Ontem, a ativista seguia internada em condição estável.

Dos casos atendidos pelo Queen Elizabeth Hospital, o de Malala foi o que mais recebeu atenção da mídia. Localizada a 195 quilômetros da capital britânica, a instituição está às voltas com pedidos de entrevistas para livros e documentários, além do interesse de pessoas que querem manifestar desejo de melhoras para a adolescente. Agências de notícias chegaram a divulgar que duas pessoas teriam sido presas no hospital. A polícia esclareceu que não houve prisões, mas duas pessoas teriam tentado forçar uma visita a Malala, passando-se por familiares.

– Estamos reunindo todos os pedidos da imprensa e pretendemos passá-los para parentes de Malala, para que eles decidam com quem falar. A família está no Paquistão, e ela está longe de conversar com qualquer pessoa – explica Carole Cole, chefe de comunicação do Queen Elizabeth.

A instituição tem experiência no tratamento de feridos por armas de fogo e explosões, como sede do Centro Real de Medicina da Defesa, maior unidade para militares atingidos fora do país.

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Outro fator a reforçar a ligação da cidade com o caso é que 9,7% de sua população de pouco mais de 1 milhão de habitantes tem a mesma origem étnica de Malala, conforme o Escritório de Estatísticas Nacionais britânico. Os primeiros imigrantes chegaram a Birmingham nas décadas de 1930 e 1940 para trabalhar nas fábricas de munição durante a II Guerra. Hoje, seria a segunda maior comunidade paquistanesa na Inglaterra, apenas atrás de Londres, de acordo com números oficiais, mas Iqbal sustenta que seria possivelmente a maior da Europa.

– Primeiro, todos ficaram alarmados e chocados com o que aconteceu com Malala, mas depois, orgulhosos, pelo fato de ela estar sendo tratada em Birmingham. Acho que milhares de pessoas querem encontrá-la – diz Mariam Khan, integrante da comunidade e uma das conselheiras da cidade (cargo semelhante ao de vereador).

“Eu sou Malala”, dizem os cartazes

Uma vigília organizada pelo grupo Women’s Networking Hub, no último sábado, reuniu dezenas de apoiadores, de diferentes credos e etnias, com velas, no centro de Birmingham. Na quinta-feira, em outra manifestação, mulheres seguraram cartazes onde se lia “I am Malala” (“Eu sou Malala”).

– Ela é tão inteligente, tão corajosa – destacou uma das participantes, apesar de não querer falar mais, nem dar seu nome, por ter “problemas com a língua inglesa”. Assim como outros moradores de Birmingham, ela tem parentes no Paquistão.

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Moradora de Coventry, cidade vizinha, Helen Cox se juntou à vigília. Ela divulgou para amigos e familiares um manifesto online para o governo paquistanês impulsionar a educação feminina no país asiático.

Já o engenheiro Tom Phillips levou os dois filhos – Harry, sete anos, e Danny, três anos – à mobilização:

– Sinto que é importante que nossas crianças se deem conta de que as pessoas estão se levantando contra. Não é só o caso de estar acontecendo fora do país ou aqui. Expliquei que, em algumas regiões do Paquistão, a educação não é aberta a todos, que as mulheres precisam lutar por acesso à educação. Na Grã-Bretanha, Malala teria a oportunidade, e lá, não, e as pessoas não querem que ela tenha. É essa a razão para que eles estejam cientes disso.