Maria Aparecida Gomes Tofano, 57, ainda morava em Londrina quando o marido precisou se mudar para Joinville por causa do trabalho. Ela já estava acostumada a acompanhá-lo nas transferências frequentes e desta vez não foi diferente. Juntou suas coisas e os filhos e veio para cá. Era o começo de uma nova vida que só daria bons frutos.

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Tudo começou quando Cida, como é conhecida, resolveu abrir um negócio próprio na nova cidade: vender cachorro-quente na rua. Este tipo de comércio era comum no município paranaense, mas em Joinville ainda era novidade.

– No início meu marido não dava muito apoio, dizia que não ia dar certo. Mas eu insisti. Era uma maneira de trabalhar e ficar com meus filhos, já que a venda aconteceria só à noite – diz.

Contrariando os astrais negativos, ela abandonou o comércio de roupas que tinha e trouxe a primeira barraca de lanches de rua para Joinville, em 1987. Hoje é comum encontrar os carrinhos de venda espalhados pelas esquinas, mas Cida lembra que o início não foi fácil.

– O povo daqui era meio desconfiado, não estavam acostumados a comer na rua. Quando pintei a barraquinha, o negócio melhorou, mas compravam e iam comer em casa.

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Além disso, a “cachorreira” trabalhava sem alvará na época e tinha que ficar atenta com a fiscalização pesada.

– Várias vezes fui perseguida pelo fiscal. Uma vez pegou um dos meus carrinhos, mas como tinha outro fui vender em frente ao Ginástico para quem saía com fome do baile. O fiscal foi até lá novamente e não pensei duas vezes: joguei toda a panela de molho em cima dele. Que coisa! – conta enquanto ri da lembrança.

No início dos anos 90, Cida trocou a rua pela cozinha. Começou a trabalhar na cantina do Sesc, que ficava onde hoje está a empresa Ciser, no Centro. Os negócios iam bem e começou a cuidar da lanchonete e do restaurante na sede da instituição da rua Itaiópolis. Lá trabalhou durante 13 anos e construiu uma base sólida para os negócios.

– Muita gente me ajudou no meio do caminho. Não posso esquecer de pessoas como seu Emanuel, do Sesc, e do seu Valdemar, do Sindicato, que sempre me apoiaram – se emociona.

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Mas Cida fez muito por merecer. Desde o dia em que decidiu se tornar uma mulher de negócios não poupou esforços. Trabalhava todos os dias, tomava decisões, ia atrás do que precisasse.

– Sem medo de pegar no pesado – como ela mesmo diz.

Até hoje é assim. O esforço e dedicação resultaram na Toffano’s Eventos, empresa que Cida montou para trabalhar com diversos tipos de festa. O empreendimento, instalado na recreativa do Sindicato dos Comerciários, conta com oito funcionários fixos e oito freelancers, mas ainda é ela quem toma as rédeas.

– Trabalho de segunda a segunda para que tudo dê certo sempre. Nos finais de semana, trabalho 48 horas cuidando de cada detalhe.

Em casa também sempre foi assim, conta a filha Maria Claudia, 28, que ajuda nos negócios.

– Meu pai estava sempre viajando e minha mãe tomou conta dos três filhos praticamente sozinha. Lutou muito e é meu exemplo – conta a filha, abraçando a mãe, deixando a emoção tomar conta e deixando as lágrimas caírem.

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Cida confessa que, além da personalidade batalhadora, outra quesito ajudou a crescer: o amor por Joinville. Desde que chegou, há 25 anos, se encantou e decidiu que construiria sua vida na cidade joinvilense.

– Já passei por muitos lugares do Norte ao Sul, mas aqui é um pedacinho do paraíso. Só saio daqui para a última morada, já disse – brinca.