Imagine o leitor que está trafegando com seu veículo e, no meio do caminho, há placas e postes forçando o desvio. Sobre duas rodas, os integrantes do Movimento Pedala Joinville identificaram este e outros problemas nas calçadas dos trechos mais adiantados das obras de duplicação da avenida Santos Dumont, na zona Norte de Joinville. Na semana passada, eles entregaram um ofício à Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) pedindo soluções antes mesmo da conclusão das obras.
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No documento produzido pelo Pedala Joinville, são citadas questões que se referem à mobilidade urbana e à acessibilidade, como a falta de opções de travessias, de calçadas sem rebaixo e de ciclofaixas – além, é claro, das placas de sinalização e dos postes de energia elétrica que ficam no meio da ciclofaixa – nos oito quilômetros da avenida. As duas primeiras opções envolvem não apenas os ciclistas, mas também os pedestres e as pessoas com deficiência física, como travessias com rebaixo apenas de um lado da via. O ofício aponta ainda a baixa qualidade no material usado na construção dos meios-fios e no concreto aplicado nas calçadas, que já estão apresentando desgastes e avarias.
– Em grandes cidades, é possível sair do aeroporto de bicicleta, mas Joinville não apresenta segurança ao ciclista – diz Jony Kellner (foto abaixo), o conselheiro do Pedala Joinville.
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Um dos pontos mais críticos para a associação joinvilense é a avenida Santos Dumont passar por uma obra de duplicação em toda a sua extensão e não receber uma ciclovia (quando a via do ciclista é separada dos demais veículos por isolamento fixo, como mureta, grade ou meio-fio) ou, pelo menos, uma ciclofaixa (quando há uma faixa pintada no chão demarcando os espaços).
Haverá apenas passeio compartilhado, ou seja, as bicicletas deverão trafegar na calçada, dividindo-a com os pedestres, e esta terá uma faixa sinalizada com pintura (em alguns trechos) e placas informando o direito do ciclista passar – as mesmas, aliás, que estão atrapalhando a passagem.
As empresas Azimute e Traçado, responsáveis pelas obras, informaram que farão as correções nos pontos identificados com problemas. A via está sendo duplicada pelo governo do Estado com investimento de R$ 48 milhões, em parceria com a Prefeitura de Joinville, que negociou e pagou as desapropriações, e está dividida em três trechos: a etapa Norte, do Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola até a rua Tuiuti; o trecho central, entre a rua Tuiuti e as universidades; e das universidades à rua João Colin, chamado de trecho Sul.
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Placas antigas ainda serão recolhidas
Segundo Vladimir Constante, diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Ippuj), que desenvolveu o projeto da obra, a sinalização vertical antiga das calçadas não foi recolhida, mas a nova já foi instalada, causando também um excesso de placas no passeio. Elas serão retiradas, facilitando a passagem. Os postes de energia elétrica, porém, não podem ser removidos e, para evitar acidentes, receberão sinalização intensificando a informação de que, nestes pontos, há estreitamento de calçada. Haverá também abertura de covas para plantação de árvores, que marcarão com mais clareza a faixa do ciclista e a do pedestre sobre a calçada.
Em relação às poucas passagens para cruzar a avenida de uma calçada a outra, Vladimir afirma que a necessidade será avaliada. No projeto, constam travessias para pedestres a cada 500 metros, nos locais onde há parada de ônibus, e aos ciclistas estão destinadas as descidas antecipadas nas calçadas.
– Na travessia junto com o pedestre, o ciclista perde a hierarquia na passagem, além da linearidade do trajeto. Parece mais seguro, mas com a descida antecipada no cruzamento, ele não perde tempo com intersecções.
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