Mário Augusto Fernandes, 32 anos, não chegou em casa na segunda-feira, depois de voltar do trabalho. O trajeto de cerca de 15 quilômetros Jurerê-Monte Verde, feito de bicicleta pela SC-401, em Florianópolis, terminou mais cedo. Às 17h30min, o servente de obras foi atropelado por uma caminhonete e morreu na hora. Ele foi enterrado, nesta terça-feira, no cemitério do Itacorubi.

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Mário fazia o percurso todos os dias. O atropelamento aconteceu em um trecho sem acostamento, no km 13. No momento do choque, o servente não estava em cima de bicicleta, que ficou intacta. A motorista do veículo parou para prestar socorro, mas nada adiantou.

Era Mário quem cuidava da casa. Ele morava com a mãe, que tem problemas de diabetes e sofre de transtornos mentais e com o padrasto, que também não pode trabalhar, por ter complicações pulmonares.

Todos os dias às 5h o servente de obras deixava o café da manhã de mãe, Elenir, preparado. A irmã Cristina Valéria Fernandes, 34 anos, diz que havia ali uma relação de amor incondicional. Era um cuidando do outro. A mãe tratava Mário como se ele ainda fosse uma criança. No enterro, questionou por que colocaram um caixão tão grande para uma criança.

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Mário também tinha transtornos mentais. Nasceu em Florianópolis e completou 32 anos no dia 5 do mês passado. A morte dele colocou fim a uma sequência de 121 dias sem morte na SC-401. Integrante da Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis (ViaCiclo), Fabiano Faga Pacheco diz que a SC-401 é chamada pelos ciclistas como a rodovia da morte e o trecho ondo Mário morreu é o pior de todos. Ali houve o deslizamento na enchente de 2008 e na recuperação da pista, ela ficou sem acostamento.

A ViaCiclo está se articulando para colocar uma bicicleta fantasma _ pintada de branco e que fica no local onde os ciclistas morrem _ no próximo sábado, no km 13 da SC-401. Uma outra deve ser colocada em São José, onde um ciclista morreu em julho.