A CIA recebeu “informações de um governo estrangeiro” sobre Tamerlan Tsarnaev, autor do atentado de Boston, e pediu no outono de 2011 que fosse vigiado, revelou nesta quarta-feira à AFP um funcionário de inteligência americano.

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A agência de espionagem “compartilhou todas as informações fornecidas pelo governo estrangeiro” com as outras agências federais, disse o funcionário, no momento em que os americanos se perguntam sobre possíveis falhas das agências antiterroristas na vigilância dos irmãos Tsarnaev, que colocaram as bombas durante a Maratona de Boston.

A informação foi passada pelo Serviço de Segurança Federal russo (FSB) e incluía vários dados sobre Tamerlan Tsarnaev, morto em tiroteio com a polícia na sexta-feira passada.

A CIA recebeu a informação no dia 28 de setembro de 2011, e os dados “eram praticamente idênticos aos que o FBI obteve em março de 2011” no pedido de ajuda mútua por parte da Rússia.

A CIA pediu que Tamerlan fosse integrado ao sistema de vigilância de pessoas suscetíveis de cometer atos terroristas, destacou o funcionário.

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O nome de Tamerlan Tsarnaev foi incluído na base de dados do Centro Nacional Antiterrorista (NCT, sigla em inglês), segundo um funcionário americano, que confirmou a notícia publicada pelo jornal The Washington Post.

Essa base de dados é chamada “Terrorist Identities Datamart Environment” (TIDE) e reúne meio milhão de nomes, fornecendo informação para diferentes listas de vigilância do governo dos EUA, entre elas a de principais terroristas, do FBI; e a lista “no-fly”, da Administração de Segurança de Transportes (TSA, na sigla em inglês), que inclui passageiros de alto risco impedidos de embarcar.

Entre as informações fornecidas pelo Serviço de Segurança Federal da Rússia estavam duas possíveis datas de nascimento, o nome em cirílico e uma possível variação do mesmo nome.

A CIA compartilhou esses dados com o NCN, o Departamento de Segurança Interna, o Departamento de Estado e o FBI.

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A última desclassificação de informação por parte da CIA revela que as agências de inteligência dos EUA podem ter sabido muito mais sobre as possíveis ligações extremistas de Tsarnaev do que se pensava anteriormente.

Congressistas têm manifestado preocupação crescente com que o atentado em Boston seja um sinal da contínua dificuldade das agências federais em compartilhar informação de maneira fluida e eficiente. Esse foi o principal problema identificado pelas autoridades após os atentados do 11 de Setembro.

Nesse sentido, os parlamentares estão pressionando as agências do governo para descobrir por que não se monitorou Tsarnaev mais de perto, depois da dica dada pelas autoridades russas. Na época, Tsarnaev viajou para o Cáucaso, região conhecida como berço de atividades extremistas.