A CIA, Agência Central de Inteligência americana, paga à gigante de telecomunicações AT&T mais de US$ 10 milhões por ano para ajudar nas investigações de terrorismo no exterior, explorando o vasto banco de dados de registros telefônicos da companhia, incluindo as ligações internacionais de americanos.

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A revelação, atribuída a fontes do governo, foi publicada ontem pelo jornal americano The New York Times.

De acordo com o jornal, a exploração dos dados da AT&T seria feita segundo os termos de um contrato voluntário, e não sob intimações ou ordens judiciais. A agência de inteligência levanta números de suspeitos de terrorismo no exterior, e a AT&T fornece registros de ligações que permitam aos agentes localizar os alvos. Segundo a reportagem, o arquivo de dados de ligações não se restringe a seus próprios clientes, o que seria de grande valia para a vigilância da CIA.

Desde a revelação do escândalo de espionagem do governo americano, em junho, por intermédio do ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden, asilado temporariamente na Rússia, é a primeira vez que vem a público um acordo voluntário entre o governo e uma empresa de comunicação para obter informações, além da troca de pagamento em dinheiro. Anteriormente, haviam sido divulgadas ações da NSA com gigantes das comunicações como Verizon, Google, Yahoo e Facebook, supostamente por determinação judicial, assim como a resistência do microblog Twitter em compartilhar informações de usuários com as autoridades.

O The New York Times enfatiza também o fato de que outras agências além da NSA usam metadados (registros de chamadas, duração e números de telefones, mas não conteúdo) a fim de vigiar cidadãos de todo o mundo. A CIA é proibida de espionar americanos em território nacional.

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Em algumas oportunidades, porém, a empresa é capaz de captar registros de chamadas originadas do exterior com destino a aparelhos nos EUA. Nesses casos, não é revelada a identidade dos americanos e vários dígitos de seu número de telefone são ocultos. A partir das informações disponibilizadas, entretanto, a CIA pode pedir ao FBI que emita uma intimação administrativa para obter os dados completos junto à AT&T.

O porta-voz da CIA Dean Boyd se recusou a confirmar a existência do programa, argumentando que as atividades da agência são legais.