O fragmento de espetáculo “Una Pared” só acaba quando os artistas colocam os pés em chão firme. A afirmação poderia ser para um provável trabalho circense. Mas não. O que leva os bailarinos da Cia. Municipal de Dança de Caxias do Sul a voarem é a experimentação da coreógrafa argentina Brenda Angiel, pela primeira vez encenada em Joinville, na Mostra Contemporânea do Festival de Dança.

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Quem desafiou o frio da manhã de segunda-feira – e eram muitos, alguns até enrolados em cobertores – vivenciou dez minutos de suspiros à frente de um tablado invertido montado, por causa da chuva, no ginásio da Escola Germano Timm. Três bailarinos presos à cintura e suspensos por cordas dançavam como se a parede fosse sua base. Outra bailarina permanecia inerte, sentada, até ser convidada a interagir no alto.

“Una Pared” é um recorte do espetáculo “Tres Partes y una Pared”, de 20 minutos, montado pela primeira vez na companhia de Caxias do Sul em 1999. O grupo mantido pela prefeitura da cidade gaúcha remontou o espetáculo às vésperas de completar 15 anos. Foram dois anos de trabalho para adequar o novo elenco após quase dez anos da estreia.

– Não somos uma companhia de dança aérea, por isso é um trabalho que leva tempo. É preciso adaptar os bailarinos à altura. São seis horas de ensaio por dia – conta a diretora do grupo, Cristina Nora Calcagnotto.

A companhia tem outros quatro espetáculos de dança contemporânea no repertório atual, mas em toda sua história já levou mais de 30 aos palcos, alguns até de neoclássico.

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– Nossos trabalhos são muito diversificados. Somos um grupo de experimento, que trabalha com várias linguagens e estéticas – explica Cristina.

Neste ano, a companhia caxiense lançou um livro comemorativo aos 15 anos. A publicação conta detalhes do grupo formado por dez bailarinos e o único profissional mantido pelo poder público no Rio Grande do Sul. A formação não tem coreógrafos residentes, mas três professores também montam trabalhos. A última estreia foi com Jeito de…, de Ney Morais, um dos professores.