A atual situação de retração da economia brasileira resultou ao menos em uma coisa boa para o brasileiro: a recuperação dos reservatórios de hidrelétricas. Isso deve influenciar diretamente na revisão tarifária periódica que a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) deve aplicar em agosto, com a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
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Ao contrário de 2015, quando a conta de energia chegou a aumentar 40% com a série de medidas que alteraram a conta do consumidor, este ano os especialistas calculam um acréscimo bem mais tímido na conta, se aproximando da inflação.
Em 2015, não faltaram medidas para aumentar o valor pago pelo consumidor. Logo em janeiro, a Aneel acionou o funcionamento do sistema de bandeira tarifária, que prevê três fases de cobrança na conta do consumidor, dependendo do sistema energético nacional. No mês seguinte, o governo federal aplicou um reajuste extraordinário médio de 23,4%.
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Para completar o ano, em agosto a Celesc teve a permissão de acréscimo de 3,61% no reajuste anual. Para o presidente da companhia, Cleverson Siewert, este ano a história deve ser bem diferente.
– O ano de 2016 é de revisão tarifária, algo que ocorre a cada quatro anos na Celesc. Nossa expectativa é de redução na tarifa – afirma Cleverson.
A revisão tarifária ocorre na mesma época do reajuste anual da concessionária, que no caso da Celesc é 7 de agosto. No entanto, de acordo com a Aneel, o processo de análise da alteração do custo envolve despesas operacionais da empresa e até audiências públicas.
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Apesar da melhora na situação hídrica do país, especialistas do setor energético não acreditam em redução da tarifa:
– Um valor mais aproximado da realidade seria um reajuste de 10%, próximo do IPCA, o que seria bem menor que os aumentos excessivos do ano passado. O que aconteceu em 2015 foi um represamento dos reajustes de energia. Isso foi provocado pelo próprio Governo Federal – critica Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, empresa privada do setor livre de energia.
Azar com a queda na produção industrial, sorte no sistema hídrico
O mês de janeiro começa com a menor carga de energia nos país desde 2013, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Na prática, isso significa que consumidores e indústria vão precisar de menos luz. Isso ocorre justamente pela queda na produção industrial provocada pela crise econômica. Especialistas ainda apontam os altos reajustes na tarifa aplicados no ano passado como freio ao consumo residencial.
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– Com a implantação do sistema de bandeira tarifária, que aplicava um reajuste imediato na conta de energia de acordo com a situação do sistema, o aumento na tarifa chegou a 60% em algumas regiões do país. Isso mudou o próprio comportamento de consumo do brasileiro. Essa alteração e a crise econômica fizeram com que os reservatórios brasileiros se recuperassem no período de poucas chuvas, entre maio e novembro – explica Cristopher Vlavianos.
Os reservatórios no Sul do país terminaram 2015 com 98% da capacidade preenchida. No entanto, os sulistas representam apenas 7% do armazenamento do país. A principal recuperação foi no Sudeste, que abriga 70% dos reservatórios e está com 30% de nível. Por isso, apesar da recuperação inicial, a bandeira tarifária aplicada pela Aneel continua com a cor vermelha, quando há um acréscimo na tarifa de R$ 0,045 para cada quilowatt-hora kWh consumido.
Investimento de R$ 260 milhões é previsto pela Celesc
Para reforçar o setor de distribuição, a Celesc prevê R$260 milhões de investimentos em 2016. A presidência da empresa também assinou em Brasília esta semana o contrato de concessão de cinco usinas em Santa Catarina, que totalizam 63,2MW de geração de energia.
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