Ainda em fase de implantação, o Sistema de Monitoramento e Alerta de Eventos Extremos de Blumenau (AlertaBlu) informou a Defesa Civil sobre as chuvas de terça-feira com cerca de quatro horas de antecedência. O Centro de Operação do Sistema de Alerta (Ceops) também emitiu a informação. Mesmo assim, os blumenauenses foram pegos de surpresa pela quantidade de chuva caiu. A intensidade só poderá ser prevista com mais precisão quando estiver em funcionamento o radar de Lontras, em março.

Continua depois da publicidade

– Este foi o primeiro evento mais intenso que o AlertaBlu acompanhou, serviu de teste. Mas o sistema nos ajudou bastante – explica a meteorologista do AlertaBlu, Francine Gomes.

Francine diz que o sistema teve de ser iniciado do zero e que por isso ainda não está funcionando plenamente. Faltam, por exemplo, ser contratados mais dois meteorologistas e quatro técnicos em meteorologia. Também estão em fase de desenvolvimento ferramentas para o armazenamento de dados na internet e que permitirá o envio de alertas sobre o tempo por SMS. O diretor do AlertaBlu, César Luiz Dalri, espera que até julho o sistema esteja operando por completo, como foi projetado.

O AlertaBlu atua em parceria com a Defesa Civil, que recebeu as informações sobre a chuva, ainda que sem detalhes mais precisos em relação à quantidade da precipitação:

– Tínhamos previsão de chuva forte, mas não com a intensidade que foi. Só com o radar de Lontras a previsão vai ser feita com mais certeza. Hoje, os radares não têm como fazer isso – reconhece o diretor da Defesa Civil, Telmo Duarte.

Continua depois da publicidade

Até esta quarta-feira, a Defesa Civil havia atendido 105 ocorrências, das quais 80% foram deslizamentos de terra. Houve também alagamentos, mas nesses casos a água escoou rapidamente. Segundo Duarte, uma família terá de abandonar uma casa com risco de desmoronamento na rua Nilton Cesar Marcos, Itoupavazinha.

Mesmo com a chuva intensa, o rio Itajaí-açu não chegou a trazer prejuízo para a cidade. Às 16h de quarta-feira, sua altura estava em 2,24 metros, mas à 1h havia alcançado o pico de 3,40 metros. O técnico hidrometrista do Ceops, Mário César de Oliveira, explica que o nível do rio só começa a preocupar quando atinge no mínimo 4 metros. O que deu problema foram os ribeirões.

Em cinco deles – Garcia, Testo, Velha, Itoupava e Fortaleza -, o nível de água levou cerca de uma hora para subir de 1 metro para 5 metros de altura.

O distrito do Garcia foi a região mais afetada pela chuva de terça-feira. Na quarta, uma patrola trabalhou durante a tarde para retirar a terra trazida pela enxurrada, mas, ainda de manhã, os moradores já trabalhavam na limpeza das residências. A enxurrada provocou falta de água em Blumenau. Cinco mil unidades consumidoras também ficaram sem energia elétrica.

Continua depois da publicidade

No distrito do Garcia, durante 4 horas, choveu praticamente o esperado para todo o mês. Foi a região mais atingida, segundo informações repassadas à RBS TV. Geólogos da secretaria de Planejamento fizeram vistorias nos locais quarta-feira à tarde. As ruas Arnold Hemmer, no Badenfurt, e Hermann Kratz, na Velha, ficaram interditadas durante todo o dia, com máquinas tentando conter os deslizamentos.

Entre 17h de terça-feira e 8h de quarta-feira, pelo menos 13 ruas ficaram parcial ou totalmente interditadas por quedas de barreira e de árvores, segundo a prefeitura de Blumenau. A secretaria de Serviços Urbanos se dedicou ontem a fazer a limpeza e a recuperação dos locais prejudicados pela chuva. A prioridade foi a remoção de barreiras em vias públicas e a desobstrução de bocas de lobo.