As chuvas que atingiram Florianópolis no fim de semana prejudicaram o acesso a muitos locais de prova no segundo dia do Enem 2020. Alguns alunos relataram que foram impedidos de realizar o Exame no domingo (24) por conta dos pontos alagados e deslizamentos na cidade.
Continua depois da publicidade
> Enem 2020: com abstenção recorde, 55,5% dos alunos não compareceram ao segundo dia em SC
Moradora do Sambaqui, Letícia Moraes, de 17 anos, iria fazer a prova na faculdade Estácio de Sá, que fica no Saco Grande, mas não conseguiu chegar no prédio por conta da água acumulada na estrada que dá acesso ao local.
A estudante conta que os pais estavam preocupados em sair de casa, já que haviam muitos pontos alagados em Florianópolis, com o trânsito interditado. A família também estava com medo dos deslizamentos e de não conseguir voltar para casa depois, mas ainda assim decidiu tentar o acesso.
— Quase chegando no local de prova, em frente ao Sebrae, estava bem complicado em relação ao alagamento. A pista pra voltar estava com água passando da mureta de concreto e, na nossa pista, um pouco mais pra frente de onde a gente estava, também estava bem alagado. Aí a gente teve que tomar a decisão se eu deveria fazer o Enem ontem ou não. Se teria condições de passar com o carro pela água, como seria a volta e como estaria o prédio. Tivemos que levar várias coisas em consideração até que a gente viu que realmente não tinha como passar e eu tive que voltar pra casa — relatou a estudante.
Continua depois da publicidade
Em um vídeo registrado pela estudante, é possível ver o alagamento no local:
Letícia conta que seu objetivo era usar a nota do Enem para ingressar no curso de design da Udesc, por isso ficou preocupada se teria a chance de reaplicar o Exame que perdeu. A estudante realizou a primeira prova, no dia 17 de janeiro, mas como desta vez não conseguiu acessar o local, não teve como pedir orientações aos instrutores.
— Quando cheguei em casa, eu procurei informações para saber se mais pessoas estavam assim. Soube de algumas, mas ninguém tinha informação do que fazer. No site do Inep não fala nada sobre isso. Fui no Instagram e mídias sociais do prefeito, mas também não tinha nada. Então ficou a dúvida se serei prejudicada por um fato de que não sou culpada — explicou.

Anna Dalsenter, de 17 anos, também foi afetada pela chuva em Florianópolis. A estudante conta que nem mesmo conseguiu sair da sua casa, no bairro João Paulo, pois as duas entradas estavam alagadas. Ela faria a prova na Escola Simão José Hess, que fica na Trindade.
— Minha mãe estava com muito medo de sair de casa, porque o prefeito já tinha declarado estado de emergência na cidade. No meu bairro estava chovendo muito. Quando a gente saiu do meu condomínio, que fica num morro, a gente andou uns 20 metros ali na rodovia João Paulo e tava tudo embaixo da água. Meu carro é muito baixinho e ficamos com medo de passar — relatou.
Continua depois da publicidade
> Vídeo: muro desaba sobre casa em Florianópolis
Anna explicou que estava fazendo o Enem como treineira, pois ainda não concluiu o Ensino Médio, então não contava com a nota deste ano para passar no vestibular. Ainda assim, a estudante disse que se preparou muito e gostaria de realizar a prova, por isso ficou preocupada se a sua justificativa de falta seria validada pelo Inep para a reaplicação.

Reaplicação
Em nota, o Inep se manifestou sobre a situação dos alunos que não conseguiram acessar os locais de prova por conta da chuva em Florianópois:
“O edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 prevê reaplicação das provas para problemas logísticos ocorridos nos locais de aplicação. Não foram registrados incidentes ocasionados pela chuva nas salas onde foram realizadas as provas do exame”.
“De acordo com o edital do Enem 2020, são considerados problemas logísticos para fins de reaplicação fatores supervenientes, peculiares, eventuais ou de força maior. Entre as situações previstas estão: desastres naturais (que prejudiquem a aplicação devido ao comprometimento da infraestrutura do local), falta de energia elétrica (que comprometa a visibilidade da prova pela ausência de luz natural), falha no dispositivo eletrônico fornecido ao inscrito que solicitou uso de leitor de tela, erro de execução de procedimento de aplicação pelo aplicador, que tenha, comprovadamente, causado prejuízo ao participante, entre outros casos”.
Continua depois da publicidade