Com pista pesada e tomada pelo barro após um fim de semana inteiro sem trégua na chuva, a raça crioula conquistou ontem um novo feito. A égua Oraca do Itapororó, da Estância Vendramin, de Palmeira (PR), confirmou o favoritismo e venceu o Freio de Ouro com a maior média de pontos da história da competição.

Continua depois da publicidade

No ano passado, já havia obtido uma marca inédita com a primeira nota 10 do circuito na morfologia, ao conquistar o Bocal de Ouro, disputa entre animais estreantes considerada a principal classificatória para a grande decisão que ocorre todos os anos no primeiro final de semana da Expointer, em Esteio. Ao contrário de 2012, quando largou na frente mas cedeu a ponta nos dias seguintes de provas, desta vez Oraca não soltou a primeira colocação desde o primeiro dia de avaliação, na quinta-feira, e ontem, montada pelo ginete Fábio Teixeira da Silveira, arrancou notas máximas nas provas de mangueira e na paleteada.

– Sempre foi uma égua excepcional. Agora evoluiu, está mais madura. O ginete também teve mais tempo de conhecê-la – avaliou Cesar Augusto Hax, jurado das fêmeas.

A evolução desde o ano passado também foi sublinhada pelo dono de Oraca, Aldo Vendramin, que admite ter ficado frustrado em 2012, quando a égua acabou com o Freio de Prata.

– Ela amadureceu. Amadureceu fisicamente e ficou mais dócil, mais na mão do ginete – aponta Vendramin.

Continua depois da publicidade

Cega de um olho, o que dificulta ainda mais o desempenho nas provas funcionais, Oraca é ainda bicampeã da morfologia da Expointer e este ano vai tentar o tricampeão.

Entre os machos, o Freio de Ouro ficou com Cadejo da Maior, da Cabanha Santo Izidro/Ouro Fino, de Santa Maria. Assim como Oraca em 2012, o cavalo chegou à final com a credencial de ter vencido o Bocal deste ano.

– Foi um cavalo parelho em que todos os tópicos da prova e isso fez com ele chegasse lá – analisou Augusto Marques Mascarenhas de Souza, proprietário da Cabanha Santo Izidro.

A performance dos dois vencedores – testemunhada ontem por um público de mais de 15 mil pessoas que resistiu ao aguaceiro e ao frio munido de guarda-chuvas, palas e ponchos – ainda tem outra semelhança. Ambos largaram na frente na avaliação morfológica da 32ª edição do Freio de Ouro e confirmaram o desempenho nas provas funcionais.

Continua depois da publicidade

– Isso mostra que estamos no caminho correto. O que buscamos foi confirmado pelo resultado do Freio – ressaltou André Luiz Narciso da Rosa, jurado dos machos, referindo-se à busca dos criadores por reunir beleza e desempenho na raça crioula.

Montando Cadejo da Maior, Daniel Teixeira sagrou-se bicampeão do Freio de Ouro e, de quebra, foi escolhido pela quinta vez ginete do ano pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos. A vitória de Teixeira tem ainda um toque de fé. Sempre que compete, leva preso à cabeçada (parte que ajuda a sustentar o freio na boca do animal) uma medalha de Nossa Senhora das Graças.

– Uso desde pequeno. Minha mãe é devota e sempre pede para eu usar – contou o bicampeão.

Os resultados

Fêmeas

– Ouro: Oraca do Itapororó, Est. Vendramin (Palmeira, PR), ginete Fábio Teixeira da Silveira. Média final: 23,319

– Prata: AS Malke Rancagua, Cabanha Malke (Uruguaiana), ginete Gabriel Marty. Média final: 22,410

Continua depois da publicidade

– Bronze: La Rinconada Golosa, Est.Guapuruma (Navegantes, SC), ginete Lindor Collares. Média final: 21,180

Machos

– Ouro: Cadejo da Maior, Cab. Santo Izidro/Ouro Fino (Santa Maria), ginete Daniel Teixeira. Média final: 21,826

– Prata: Desafio de Santa Edwiges, Cabanha Itaó (Santiago), ginete Cláudio dos Santos Fagundes. Média final: 20,699

– Bronze: Buzzo da Maya, Cabanha da Maya (Bagé), Raul Lima. Média final: 20,457

Ginete do ano: Daniel Teixeira

Domador do ano: Antonieto Rosa