Um dia após a passagem do ciclone extratropical por Santa Catarina, que provocou fortes rajadas de vento e muita chuva, Joinville ainda tem ruas alagadas e o cenário é de destruição, principalmente em regiões de maior vulnerabilidade social, onde moradores retiram entulhos e juntam com a lama e a sujeira que cercam as casas.
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Os bairros Morro do Meio e Jardim Sofia foram os mais castigados. Na atualização da prefeitura nesta manhã de quinta-feira (11), 77 pessoas ficaram desabrigadas por causa dos estragos no município.
Há os que saíram do trabalho e não conseguiram voltar para a casa, que já estava tomada pela água; outros, acordaram no susto durante a madrugada, juntaram a família e saíram apenas com a roupa do corpo.
Em uma medida desesperada para salvar o que conquistou ao longo da vida, o idoso Francisco Cardoso resolveu enfrentar a enchente e, com auxílio de baldes, jogou a água pra fora e resgatou tudo o que conseguiu.
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Na casa de Rosemar Kirten, morador do Morro do Meio, em questão de minutos, a água subiu 70 centímetros e não deu tempo de salvar nada. Geladeira, fogão, freezer, guarda-roupas e armários com comida foram tomados pela chuva.

Com a voz embargada, Kirten, que trabalha como pedreiro, anuncia que esta não foi a primeira vez que teve de recomeçar por causa dos danos causados pela chuva.
— A gente já perdeu tudo três vezes. Agora a gente tem que levantar a cabeça e trabalhar pra ver se consegue de volta. Mas não dá vontade nem de chegar [em casa], a tristeza que dá — lamenta.
A mesma angústia foi sentida por Bruna Nascimento, moradora do Jardim Sofia, que tem uma bebê de cinco meses e viu os itens da filhinha destruídos. Quando começou a chuva, conta, saiu com a criança nos braços e foi se abrigar na casa de parentes.
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No retorno para o local nesta manhã, não conseguiu conter o choro desesperado.
— Eu não sei por onde que eu começo [a limpeza]. A minha bebezinha, tudo que ela tinha, as cosinhas dela… foi tudo.
Já Micaeli Ribeiro conta que, quando chegou em casa do trabalho, encontrou os pais atravessando as crianças por cima do muro para a casa da vizinha, já que não tinha mais condições de habitar no local.
— Não conseguimos salvar nada.
Ações da prefeitura
As famílias que ficaram desabrigadas, foram levadas para abrigos provisórios instalados nos bairros mais afetados da cidade. Em entrevista à NSC TV nesta quinta-feira, o prefeito Adriano Silva (Novo) informou que o auxílio à população foi dividido em três frentes.
Durante a manhã de quarta-feira (10), quando os efeitos da chuva tomaram maior proporção, segundo o gestor municipal, a estratégia foi “preparar a cidade para o pior”, com fechamento de vias alagadas, orientação a motoristas e pessoas no geral e cancelamento das aulas, a fim de mitigar os riscos.
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No período da tarde, iniciaram os atendimentos de urgência e emergência, com participação de equipes do corpo de bombeiros, Exército e Polícia Militar, Guarda Municipal e até jipeiros que se voluntariaram.
— O terceiro foi trabalho de acolhimento, com a Assistência Social montando abrigos e recepcionando famílias que precisavam de lugar para ficar durante a noite e alimentação — explicou o prefeito.
Ainda nesta quinta, equipes das Subprefeituras e Seinfra estão fazendo a limpeza das ruas. No Centro da cidade, hidrojatos foram utilizados para a retirada dos materiais. O município ainda estuda se decretará situação de emergência. Cidades da região Norte do Estado assinaram o decreto por conta da situação causada pelas chuvas.
Locais de abrigos e centros de doações
Adriano Silva ainda disse que os abrigos permanecerão disponíveis até que as famílias consigam retornar para casa e recuperar seus móveis e demais itens que foram destruídos.
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O município disponibilizou 470 vagas para os moradores que necessitam de local para ficar e, caso necessários, novos locais podem ser ativados. Confira a lista de locais:
– Escola de Ensino Médio Governador Celso Ramos – 100 vagas
Rua Dr. Plácido Olímpio de Oliveira – Bucarein
– Escola Municipal Senador Rodrigo Lobo – 120 vagas
Rua Cuba – Jardim Sofia
– Escola Municipal Dr. Ruben Roberto Schmidlin – 200 vagas
Rua Alexandre da Silva – Morro do Meio
– Escola Municipal Prof. Karin Barkemeyer – 50 vagas
Rua Márcio Luckow – Vila Nova
Além de abrigo, os desalojados também necessitam de doações. Neste momento, segundo a Secretaria de Assistência Social, a maior necessidade da população é para receber os materiais de higiene, limpeza e alimentação.
Para facilitar o acesso das famílias, o ideal é que os itens sejam entregues em locais que ficam próximos aos bairros mais atingidos. Além disso, a SAS mantém uma campanha permanente de doações principalmente de alimentos e produtos de higiene. Os pontos fixos de arrecadação são: o Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC), o espaço colaborativo O Farol, o Centro POP, a Casa de Apoio aos Conselhos e unidades do Hipermercado Condor.
Veja os endereços onde as doações podem ser entregues
– Escola Municipal Dr. Ruben Roberto Schmidlin (Rua Alexandre da Silva – Morro do Meio)
– Instituto Conforme (Rua do Campo, 315, Morro do Meio)
– Projeto Resgate (Rua Maria da Graça Gonçalves Schmidt 349, Morro do Meio)
– Paróquia Nossa Senhora Medianeira (Rua XV de Novembro, 8763 – Vila Nova).
– Assembleia de Deus (Rua Brusque nº 176, Jardim Sofia).
Pontos fixos para doações
– Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC) (Rua Dr. João Colin, 2700 – Santo Antônio). Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
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– Casa de Apoio aos Conselhos (Rua Afonso Penna, 840 – esquina com a Rua Procópio Gomes – Bucarein). Segunda a sexta-feira, das 8 às 14h.
– O Farol (Rua Max Colin, 550 – América). Segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
– Super Condor Joinville América (Rua Almirante Barroso, 716 – América). Todos os dias, das 8h às 21h.
– Hiper Condor Joinville Itaum (Rua Florianópolis, 100 – Itaum). Todos os dias, das 8h às 21h.
– Hiper Condor Comasa (Rua Albano Schmidt, 4.764 – Comasa). Todos os dias, das 8h às 21h.
– Centro POP (Rua Paraíba, 937 – Anita Garibaldi). Segunda a sexta-feira, das 8h às 19h.
Veja as fotos do alagamento na região central de Joinville

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