As cenas de choro de atletas da Seleção Brasileira antes, durante e depois da cobrança de pênaltis na vitória sobre o Chile pelas oitavas de final da Copa do Mundo, no último sábado, têm dividido a opinião de psicólogos do esporte. Alguns vêem a reação do grupo como arriscada para o desempenho da equipe. Há, porém, quem considere essas manifestações passíveis de fortalecer o time.
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– Um adversário que olhe para o capitão e vários jogadores do outro time aos prantos, esse adversário tende a se sentir mais forte – afirma o presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte, João Ricardo Cozac.
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Para o especialista, o trabalho da CBF para a Copa do Mundo deveria ter começado tão logo o País foi escolhido como sede do evento, em 2007.
– Deixaram para 13 dias antes do Mundial. Está errado – alerta.
Suzy Fleury, especializada em psicologia esportiva, também acredita que o momento é preocupante.
– É preciso mudar o discurso. Em vez dessa coisa do Hino Nacional, de eles estarem jogando pelo Brasil, é preciso focar em futebol, nos fundamentos da bola – opina.
Para Suzy, que trabalhou com Vanderlei Luxemburgo na seleção há 15 anos, o choro deve ser evitado:
– Demonstra que eles estão vulneráveis emocionalmente.
Ela e Cozac criticaram o vídeo motivacional exibido aos atletas na véspera da partida contra o Chile, no qual crianças relatavam as sequelas da tragédia ocorrida na região serrana do Rio em 2011 – uma tempestade deixou centenas de mortos.
– Aquilo deixou os atletas muito sensibilizados. Isso consome o nível de energia da pessoa – comentou Suzy.
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Cozac foi mais contundente ainda na ressalva:
– Uma ação assim cai como uma bomba num grupo que está com a emoção à flor da pele, por causa da pressão de ter de ganhar a Copa. Um vídeo como aquele explode emocionalmente a equipe.
Mal nenhum
Uma outra corrente de psicólogos não vê nenhum mal nas sessões de choro dos atletas brasileiros. Alessandra Dutra, da seleção nacional de handebol, defende que os jogadores não escondam suas emoções.
– Geralmente, o choro é uma expressão natural para os latinos. Algo que não se vê muito na Europa, por exemplo – diz. Segundo Alessandra, como a seleção tem o acompanhamento da psicóloga Regina Brandão, não há risco de descontrole emocional.
O psicólogo do Botafogo, José Anibal Azevedo Marques, também não dá dimensão negativa às atitudes dos atletas.
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– Estão ali perfilados em campo, diante de 60 mil pessoas, todos cantam o Hino Nacional a capela e eles sabem que milhões de brasileiros fazem o mesmo diante da TV. É perfeitamente natural – afirma.