A opção por uma projeção mais realista sobre a contabilidade do setor público para o próximo ano faz parte da estratégia dos futuros ministros da área econômica de trabalharem com metas factíveis. A mudança de orientação, aproximando um pouco mais as estimativas das previsões do mercado, contribui para que a economia brasileira volte a conquistar a confiança dos investidores. Ao mesmo tempo, mostra que o país começa a deixar para trás uma política econômica incapaz de manter a inflação sob controle e a economia em crescimento, além da insistência no uso de artifícios como a chamada contabilidade criativa. É importante agora que, sob o comando da nova equipe, o país se reconcilie logo com o desenvolvimento e possa assegurar índices adequados por mais tempo.

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Em carta a investidores, nesta semana, a presidente Dilma Rousseff comprometeu-se com um segundo mandato marcado por um crescimento mais rápido e um controle “rigoroso” da inflação. É exatamente o que os brasileiros esperam que saia do discurso e seja posto em prática. Em novembro, pelo quarto mês consecutivo, a inflação voltou a passar do limite da meta, o que é inquietante particularmente para assalariados. E, em documento recém enviado ao Congresso, o Planalto reduziu a projeção oficial para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano de 2%, percentual já irrisório, para apenas 0,8%.

Mais uma vez, portanto, o país está diante do desafio de criar as condições necessárias para debelar a inflação e permitir níveis de crescimento adequados para gerar emprego, renda e um volume de receita compatível com as necessidades do setor público. A torcida é para que isso ocorra logo, de forma transparente e sem a necessidade de o poder público recorrer a artimanhas contábeis, que arranham ainda mais a imagem do país perante investidores e não acenam com resultados objetivos.

O país precisa de inflação baixa e crescimento continuado, o que depende da capacidade da equipe econômica de conciliar rigor fiscal com incentivo à produção.

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