Parte da supremacia do sertanejo no mainstream é devido a sua capacidade de aglutinar outros gêneros. Do rock ao samba, do pop ao axé, tudo já foi misturado com viola nos últimos anos. Agora chegou a vez da bossa nova de Tom Jobim, que ganha releitura de Chitãozinho & Xororó em Tom do Sertão.
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Sertanejo domina o mercado e se torna a nova música pop brasileira
Dupla responsável por tirar o sertanejo da roça e levá-lo para a cidade, nos longínquos anos 1980, Chitãozinho e Xororó pouco arriscaram fora de seu quintal. Mesmo quando gravaram com Caetano Veloso na suntuosa Sala São Paulo, acompanhados pela Orquestra Filarmônica Bachiana, os irmãos permaneceram fiéis ao repertório e arranjos habituais.
– Faltava alguém que se conectasse com nosso universo, de campo, de sertão – diz Chitãozinho, em entrevista por telefone. – E Tom Jobim tem muito disso em suas composições, então foi natural.
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O cantor, responsável pela segunda voz da dupla, afirma que o projeto vem para preencher uma lacuna não apenas no sertanejo, mas na própria música brasileira:
– Vemos muita gente de fora gravando Tom, mas por aqui isso parece ser meio raro. Então, quisemos fazer a nossa parte.
As 14 canções de Tom do Sertão foram escolhidas de um universo de 200, a maior parte conhecida do grande público, como Águas de Março, Correnteza (regravada por Djavan) e as clássicas Se Todos Fossem Iguais a Você, Eu Sei que Vou te Amar e Chega de Saudade – todas devidamente vertidas para a praia dos irmãos, com muita viola e sanfona.
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– A maior dificuldade foi encaixar a segunda voz. Por isso, em algumas faixas, eu nem canto, porque descaracteriza a música – explica Chitãozinho.
A reação adversa por parte dos puristas não assusta o músico. Pelo contrário:
– Estamos levando Tom Jobim para gente que nunca ouviu falar dele. É uma honra pra gente.