A China desvalorizou o iuane em relação ao dólar pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira, o que gerou preocupação nos mercados financeiros de todo o planeta ante a expectativa de que a cotação da moeda possa continuar em queda.
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A taxa estabelecida para a cotação do iuane em relação ao dólar caiu 1,62%, a 6,3306, contra um nível de 6,2298 na véspera, informou o Banco Central da China em um comunicado.
Este é o segundo corte consecutivo no preço do iuane ante o dólar. Na semana, a moeda chinesa acumula uma desvalorização de 3,5%.
O BC chinês, no entanto, descartou a possibilidade de uma desvalorização contínua da divisa.
Esta é a maior desvalorização desde que a China estabeleceu em 1994 o sistema moderno de flutuação da moeda.
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A queda na cotação é encarada como uma forma de ajudar as exportações, que se tornariam mais competitivas, em um momento de desaceleração da economia. O Banco Central alega, no entanto, que é parte de uma reforma do sistema cambial, com o objetivo de aproximá-lo do mercado.
A economia chinesa cresceu 7,4% em 2014, o pior resultado em quase 25 anos, e em 2015 a desaceleração é ainda mais considerável, com um avanço de 7% no primeiro semestre, apesar de o resultado estar dentro das metas do governo.
Os cortes sacudiram as Bolsas e os mercados, gerando um movimento de preocupação entre os operadores, ante o temor de impacto para as economias que têm vínculos estreitos com a China.
As autoridades chinesas mantêm um controle rígido do preço da moeda, mas já fizeram várias promessas de liberalizar o mercado.
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Prudência nos Estados Unidos
Na terça-feira, o governo dos Estados Unidos reagiu com prudência à desvalorização do iuane.
– Apesar de ser muito cedo para avaliar todas as implicações da mudança na taxa de referência do PBC (Banco Central chinês), a China destacou que as mudanças anunciadas nesta terça-feira são uma nova etapa para uma taxa de câmbio mais determinada pelo mercado – disse um porta-voz do Departamento do Tesouro.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) saudou a “etapa positiva” inaugurada com os anúncios de Pequim sobre uma maior flexibilidade de sua moeda, e afirmou que esta medida não terá “implicações diretas” sobre sua decisão de integrar ou não o iuane às moedas de referência internacional.
Analistas consideram que com o iuane no atual nível, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) pode aguardar para aumentar as taxas de juros, próximas de zero desde o fim de 2008, e inclusive apontam a possibilidade do início de uma guerra cambial, caso outros países busquem proteção.
Até o momento, as autoridades chinesas afirmavam que a cotação da moeda era baseada em informações dos operadores do mercado, mas na terça-feira o Banco Central destacou que vai incorporar ao cálculo indicadores como o fechamento do dia anterior, dados do mercado cambial e as cotações das principais moedas.
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A taxa cambial fixada nesta quarta-feira está abaixo do fechamento de segunda-feira, estabelecido em 6,3232 iuanes por dólar.
A SG Global Economics afirma em um relatório que observa “uma tendência para uma desvalorização maior” do iuane, que poderia chegar a 5% nos próximos 12 meses.
No entanto, o Banco Central da China descartou uma tendência generalizada de baixa e afirmou que a cotação do iuane está dentro de parâmetros normais.
A desvalorização do iuane afetou nesta quarta-feira os mercados asiáticos, arrastando as Bolsas de Hong Kong e de Tóquio, que perderam respectivamente 2,38% e 1,58%.
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Também afetou o petróleo, que prosseguiu com sua tendência de queda e atingiu o menor valor em seis anos em Nova York.
A Bolsa de Xangai perdeu 1,06% e a de Shenzhen 1,54%, ante expectativas de que a desvalorização gere uma saída dos capitais investidos na China, adicionada às preocupações dos operadores sobre a saúde da economia do país.
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* AFP