Chegou a bordo de um jato Legancy, da Força Aérea Brasileira, mais uma remessa de pele doada por um país da América Latina, para encorpar as reservas do banco de tecido gaúcho. Vinda de Santiago, no Chile, a doação de 3 mil cm quadrados de pele servirá para ajudar na recuperação de sobreviventes do desastre em Santa Maria que tiveram parte de seu corpo queimado.
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A chegada do material pelo portão 3 do Terminal 2 do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, foi inspecionada por fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seguida de deslocamento para o Banco de Peles do Estado, na Santa Casa, onde o material será acondicionado.
O transporte é feito em uma embalagem especial, com gelo seco, a temperaturas inferiores a 8ºC. A operação de ajuda humanitária foi acionada no final da noite de ontem pelo Ministério da Saúde. A aeronave da FAB decolou de Base Aérea de Brasília às 7h da manhã, pilotada pelo Coronel Aviador Ricardo Barcelos Cirne da Silva rumo a Santiago. Em razão da especificidade da operação, os governos da Argentina, Paraguai e Uruguai autorizaram de imediato o sobrevoo do espaço aéreo.
De acordo com Alexandre Lumertz, da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, a pele já chega tratada e processada, pronta para uso. Posteriormente, o material será encaminhado para os hospitais onde há necessidade de transplante.
– O banco trabalha com estoque reduzido, mas com essas doações recebidas, todos os que precisarem serão atendidos -afirma Lumertz.
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Com as doações que vieram de países como Chile, Argentina e Uruguai e dos estados de Pernambuco e São Paulo, o estoque do banco gaúcho passou de mil cm quadrados para 25 mil cm quadrados de pele, o suficiente para atender os queimados graves da tragédia em Santa Maria. É o que explica a coordenadora da Central de Transplantes do Estado, Rosana Nothen:
– O número de queimados graves no Estado é em torno de vinte. São pessoas que tem cerca de 25% a 40% de queimaduras no corpo. Boa parte dos feridos teve queimaduras internas.

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.
Sem conseguir sair do estabelecimento, pelo menos 235 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.
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A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos últimos 50 anos no Brasil.
Em gráfico, entenda a sequência de eventos que originou o fogo

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A boate
Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade de Santa Maria, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com a Polícia Civil, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.
Clique na imagem abaixo para ver a danceteria antes e depois do incêndio
A festa
Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.
