Mesmo com as dificuldades impostas pela Argentina para a entrada de produtos brasileiros, as exportações pela aduana de Dionísio Cerqueira, no Extremo-Oeste do Estado, aumentaram 66% no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2011. O motivo é a venda de carne bovina para o Chile.
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Essa carne é produzida em São Paulo e no Centro-Oeste, apenas passando pela aduana catarinense. A venda para a Argentina estava interrompida desde a identificação de focos da aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná, em 2005, e foram retomadas no ano passado.
O inspetor-chefe da Receita Federal em Dionísio Cerqueira, Arnaldo Borteze, diz que, desde 2005, a aduana não registrava superávit nas exportações. Em 2012, as exportações realizadas nos quatro primeiros meses movimentaram US$ 138 milhões, contra os US$ 83 milhões exportados no primeiro quadrimestre do ano passado.
Borteze destaca que, diariamente, 30 caminhões saem do Brasil carregados, sendo que 80% são para o Chile. No ano passado, mais de 70% das vendas eram para a Argentina. Mas os embarques para o país vizinho caíram cerca de 60% depois que algumas medidas protecionistas foram adotadas pelo governo argentino.
Com a exigência de licenças prévias de exportação e autorização da Receita Federal de Buenos Aires, as cargas, que demoravam três dias, agora levam até 15 dias para serem liberadas. O motorista Ivolnei dos Santos estima um aumento de 25% nas viagens para o Chile. Ele leva carne bovina do Mato Grosso para Santiago do Chile. A viagem para percorrer mais de 4 mil quilômetros dura uma semana. Mas ele garante que compensa por causa da remuneração melhor.
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Borteze diz que a tendência é fechar um ano em superávit, mantido o atual incremento nas vendas, mesmo com os problemas com a Argentina. Além da carne, o Chile compra bobinas de papel. Já a Argentina compra produtos como carnes bovina, suína e de frango; banana, abacaxi e tomate. O Brasil importa dos dois países frutas, inseticidas, cosméticos, enlatados, farinha, cebola e vinhos.
Obras atrapalham o fluxo
As obras da nova aduana de Dionísio Cerqueira têm gerado congestionamento na fronteira desde 2011. Na semana passada, mais de 200 caminhões estavam na fila no lado argentino e 30 no lado brasileiro.
A aduana libera, em média, 80 cargas por dia. Hélio Boito, que estava levando pera do Chile para Pato Branco (PR), estava há oito dias na fila.
– Antes de começarem essas obras, a demora era bem menor. Coisa de apenas dois ou três dias – reclama.
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Segundo ele, o maior problema nem é a demora, mas o fato de os motoristas ficarem na beira da estrada, sem banheiro e local de alimentação. O inspetor-chefe da Receita Federal em Dionísio Cerqueira, Arnaldo Borteze, afirma que há um movimento grande por causa da safra de cebola e o pátio de estacionamento foi reduzido de 190 para 80 vagas com as obras.
Ele garante que a previsão de conclusão é agosto ou setembro. O novo pátio de estacionamento será entregue em duas semanas. O galpão de conferência, que antes não existia, está quase concluído. Os banheiros também estão em fase final. A nova sede administrativa está nas fundações. O investimento é de R$ 10 milhões. Borteze explica que a nova obra vai trazer mais conforto e agilidade para funcionários e motoristas.
Além de gerar filas, as obras e as restrições burocráticas da Argentina reduziram o movimento de caminhões na aduana. Nos primeiros quatro meses do ano, passaram pela aduana 5.513 caminhões, contra 7.743 no mesmo período do ano passado.