No segundo semestre, Florianópolis receberá a competição de taekwondo songahm mais importante das Américas, o Torneio Pan-americano. O evento é só em outubro, mas a cidade está se preparando desde já. Neste fim de semana, o Chief Master Cesar Ozuna, fundador e presidente do taekwondo songahm na América do Sul, esteve no Hotel Maria do Mar, a convite da Academia Premium Martial Arts, para ministrar aulas a instrutores e alunos da arte marcial.
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Assista ao vídeo e conheça um pouco mais sobre a arte marcial:
Entre sexta-feira e sábado, 120 praticantes, de crianças a idosos, abriram um espaço na agenda para dividir experiências, aprender novos golpes e absorver o que de mais importante o taekwondo songahm tem a passar: sua essência.
– Acima de tudo, é uma oportunidade de apresentar aos jovens a tradição do taekwondo. O songahm é um estilo que prioriza a filosofia de vida por trás da prática, a essência da arte marcial. Atualmente, a luta tem se tornado muito popular, mas a essência se perdeu – afirma uma das organizadoras do encontro, a Instrutora Nicole Librizzi, da Academia Premium.
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Para entender melhor essa essência, e as diferenças em relação ao taekwondo olímpico, o Diário Catarinense conversou com o Chief Master, que é paraguaio, mora há décadas nos Estados Unidos, mas fala português fluentemente. Confira o bate-papo:
Diário Catarinense – O que te traz a Florianópolis?
Chief Master Cesar Ozuna – Vim apoiar o trabalho dos instrutores que cuidam da cidade e do Mestre Andrade (Sênior Mestre Ademar Andrade, de Curitiba), que cuida do Brasil para nós. Um dos objetivos deste acampamento brasileiro é criar um sistema padronizado para os instrutores, fazemos isso todo ano em alguma cidade do país. Escolhemos Florianópolis este ano porque vai sediar o evento mais importante da América Latina, o Panamericano. Vai ser um torneio de três dias com um congresso em sequência, para cerca de 250 instrutores.
DC- Quais as diferenças entre o songahm e o taekwondo que vemos nas Olimpíadas?
Chief Master – Tecnicamente, há poucas diferenças, pois ambos tem origem na Coréia do Sul. Usamos um pouco mais de golpes com o braço, temos alguns chutes distintos, e nosso estilo também ensina movimentos com armas. No entanto, o grande diferencial está na filosofia. Prezamos mais pelo lado educacional. Valorizamos a parte filosófica, o estilo de vida, além da parte física e de defesa pessoal. O taekwondo songahm é para todo mundo. Temos alunos de dois anos e de 90 anos. Temos inclusive alunos especiais, com algum tipo de deficiência. Para nós com certeza é um estilo de vida, faz 46 anos que treino e posso afirmar isso.
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DC – A que se resume esse estilo de vida?
Chief Master – Para começar, é sadio, não temos vícios – que não seja treinar – ou pelo menos tentamos. Todos se cuidam, tentam cuidar da imagem, não bebem, não se drogam. Trabalhamos com crianças, temos que ser o primeiro exemplo. Também é um estilo de vida porque, com o tempo, criamos uma sociedade, de instrutores, de alunos. Na América Latina, por exemplo temos mais de 300 academias de taekwondo songahm e acima de 23 mil pessoas praticando. Então nosso relacionamento, nossa sociedade, é tudo dentro desse grupo. Nos Estados Unidos são mais de um milhão de praticantes.
DC – Como você vê o taekwondo no Brasil?
Chief Master – Bem evoluído. Com bons instrutores, bons mestres. Quanto a isso, toda a América Latina está muito bem. O Brasil, pelo tamanho e quantidade de alunos, com certeza tem um trabalho bem feito. E também já tem um trabalho consolidado, pois está há muito tempo conosco, foi o segundo país que começou conosco.
DC- É uma arte marcial tão antiga e tradicional, ainda há espaço para crescer e ganhar novos adeptos?
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Chief Master– Claro, essa é a ideia. Por isso que estamos aqui. Motivamos os instrutores a trabalhar mais, a trabalhar melhor, a vir mais à academia, a criar um futuro para os jovens. E você vê, esse pessoal treinando aqui, após certa idade vai atingir uma graduação, vão virar instrutores e vão querer abrir uma academia. Eu vejo o taekwondo crescendo. Consigo visualizar o Brasil chegando a um milhão de praticantes. Conseguiremos isso com um trabalho bem feito, e vai ser.