Certa vez, uma pessoa, homem de escritório e números, ligou-me. Demorei a atender e quando atendi, sua primeira pergunta foi para saber o que eu estava fazendo para levar tanto tempo a dizer alô. Disse-lhe que estava plantando alfaces e, como reação, ouvi umas das mais longas gargalhadas que já testemunhei, seguida de um “você?” espantado. Até hoje é uma espécie de gozação em nossos encontros: “E aí, muita alface?”, costuma perguntar. Como se botar a mão na terra fosse algo muito estranho.

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Cada um com seus hábitos. Feliz, acredito, de quem os tem para harmonizar com os afazeres profissionais. Entre os tantos que cultivo e que convivem bem com os compromissos de cumprir horário na firma (ler, caminhar, acordar muito cedo etc.) está o de afundar os dedos da terra, arrancar matinho, semear e replantar. É um bálsamo. Entre convidar-me para ir ao shopping e ajudar a podar uma árvore no jardim, prefiro a segunda opção.

Há bons pares de anos, usávamos como depósito e estacionamento um terreno bem em frente ao prédio do “AN” onde foi casa comprada do ex-delegado e ex-vereador João Pessoa Machado. Junto ao muro havia uma grande fileira de agapantos que ninguém mais cuidava, porque a propriedade não era mais moradia, era uma extensão do “AN” para guardar coisas velhas e carros dos funcionários. Pedi licença e arranquei três mudas, que plantei em casa.

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Todos os anos, florescem e hoje tenho uma roça delas. Nesta semana, em meu momento de jardinagem, retirei daquelas três matrizes iniciais dezenas de mudas que transplantei para um pedacinho de chão que havia recém-limpado. Ainda estou para descobrir melhor oxigenação do físico e da mente do que se envolver com o remexer da terra e constatar seus resultados – numa muda que se multiplica mil vezes, num broto

que um dia vai à mesa em forma de salada ou ensopado. E o exercício vai ficando ainda melhor com a idade.

Lembrei-me do velho Leandro, que tudo experimentou plantar, de arroz a amendoim, no nosso pedaço de chão no Acaraí da São Chico de antigamente. Quando alguma vizinha lhe pedia umas folhinhas de cebola, ele não negava, mas, jocoso, olhava-nos e comentava: “Para não ter nem um pé de cebola em casa, esta deve morar em cima de uma pedra”.

O colunista entra de férias. Duas semanas para relaxar e visitar a Praia Grande, em São Chico. Obrigado pela companhia. Até agosto.

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