Você já deve ter passado boa parte do início do dia, no trabalho ou na faculdade, com o celular na mão, trocando mensagens pela web e, ao início da noite, que culminava em um evento, viu a bateria se esvaindo. Quando levou a mão à bolsa para pegar o carregador, percebeu que o esquecera em casa. Pronto, estava incomunicável e, de quebra, tomou uma bronca por não atender ligações.
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Na contramão das facilidades dos multifuncionais aparelhos, os usuários se acorrentam à necessidade de recarregá-lo constantemente. Partir à caça de uma tomada ou entrada USB ao chegar em cada novo ambiente integra a parte desgastante da relação dono-smartphone.
Se ressente mais do problema quem passou a vida utilizando celulares cuja única funcionalidade era trocar SMS e realizar conversa de voz. A bateria daqueles modelos, mais comuns há cinco anos, durava de dois a três dias sem emitir um sinal sonoro indicando a necessidade da recarga. Era um tempo em que carregadores não saíam de casa.
– Só deixo em casa (o carregador) quando saio de noite e vejo que tem mais de 60% de bateria. Quando tem menos de 50%, já começa o desespero. Passo o dia na faculdade e o carregador sempre junto – conta a estudante de fisioterapia Mariana Falster, 22 anos.
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O item já entrou na lista de acessórios indispensáveis da bolsa de Mariana e de colegas, que compartilham extensores de tomada elétrica durante a aula para não acabar o dia incomunicáveis.
– Plugamos um “T” em cima do outro. Dou uma carga ao meio-dia, outra ao final da tarde e depois à noite, em casa – diz a estudante.
Energia que se vai sem o usuário saber
Com a vasta gama de aplicativos gratuitos disponíveis, os celulares ganharam multifuncionalidade, mas, em contrapartida, receberam mais “dissipadores de energia”, como define o CIO (Chief Information Officer) do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Carlos Sampaio. Diferentemente dos aparelhos antigos, os atuais têm inúmeros canais que consomem energia simultaneamente e, em muitos casos, sem o conhecimento dos usuários. A grande maioria dos aplicativos só encerra atividade se manualmente fechados, mas, como Mariana, muitas pessoas passam a semana com o telefone ligado e esquecem de desativá-los. Assim, o processador, aparentemente em repouso, fica trabalhando, e a energia padecendo com programas que sobrecarregam o aparelho.
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Softwares “mais puros” para mais tempo de duração
Renato Arradi, gerente de produtos da Motorola, também responsabiliza as desenvolvedoras de celular pela durabilidade da bateria. Para o empresário, o usuário deve receber um produto cujo software seja “mais puro”, que não venha com “aplicativos que o cliente não tenha necessidade”. Muitas vezes, o telefone traz consigo programas indesejados, difíceis de serem desinstalados.
– A nossa maior preocupação é em otimizar o produto – garante Arradi.
As baterias utilizadas em smartphones são capacitivas, ou seja, programadas para acumular muita energia elétrica rapidamente e que agreguem pouco volume e peso ao aparelho. Segundo Arradi, para desenvolver uma bateria que acompanhe por três dias os sofisticados softwares sem necessitar de recarga, os celulares teriam de aumentar de tamanho. Por isso, os tablets duram mais tempo ligados fora da tomada.
– Num smartphone, é esperado que a bateria dure um dia de uso. Por isso se faz um balanço entre design, tamanho e funcionamento – afirma.
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DANDO UM GÁS NA BATERIA
FECHE OS APLICATIVOS
A maioria dos aplicativos permanece aberta, mesmo em desuso. É como se estivessem minimizados, mas sem que as abas apareçam, como em um computador. Procure descobrir como faz para fechar no seu modelo de smartphone.
POUPE A ANTENA DO CELULAR
Rádio, GPS, Wi-Fi e 3G têm algo em comum: emitem e recebem dados por sinal. Não há bateria que resista a mais de um canal desses aberto. Se desligados, são capazes de economizar de 25% a 30% de bateria.
BAIXE APLICATIVOS DE CONTROLE
Nas lojas virtuais há diversos aplicativos gratuitos que especificam vida da bateria, indicando quais programas estão consumindo mais energia do telefone e estimando com muita precisão o tempo que o celular resistirá sem receber energia elétrica.
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ATIVE O “MODO AVIÃO”
O “modo avião” não precisa ser ativado apenas quando você estiver voando. É um recurso normalmente presente nas configurações do celular, que funciona como um economizador de energia, desativando todos os dispositivos sem fio, como Wi-Fi e Bluetooth. Em alguns modelos, também reduz o brilho da tela, outro responsável pelo desgaste energético do aparelho. É a mais radical das alternativas para racionar a bateria, pois as ligações recebidas vão diretamente para a caixa postal.
Fonte: Carlos Sampaio, CIO do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar)
FUGINDO DA TOMADA
A caça desenfreada à tomada tem solução. Acessórios de energia portátil podem garantir carga até o fim do dia para seu celular
-Capas recarregáveis – parecem protetores resistentes, mas, na verdade, retêm energia e a emitem para o celular via entrada USB, que também serve como encaixe para a capa.
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-Baterias extras – são armazenadores portáteis de energia. Podem ser transportados no bolso e ligados ao celular por um cabo USB.
-Powermat – Desenvolvido em Israel, o Powermat ainda é pouco comercializado no Brasil. Por meio de uma indução magnética, o aparelho, que fisicamente se assemelha a um tapete, carrega um acessório que acompanha o equipamento, o Powercube, responsável por transferir energia ao celular. Basta deixar o Powercube sobre a superfície e aguardar a recarga.
MITOS E VERDADES
Bateria vicia?
Estudiosos da área e desenvolvedores não gostam de utilizar a expressão “viciar” para determinar a vida útil da bateria, mas admitem que o tempo de duração é determinado pelos ciclos de carga e recarga, ou seja: quanto mais vezes for descarregado plenamente e carregado, mais exigida será e menor será sua durabilidade. Atualmente as baterias custam para se degradar – a maioria das vezes bem mais de um ano, mesmo com uso frequente do celular.
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Existe obsolescência programada?
O termo obsolescência programada também pode ser traduzido pela desativação programada de um determinado produto. O tema é polêmico e divide desenvolvedores e pesquisadores do setor. As fabricantes afirmam que não interferem na vida útil da bateria, enquanto estudiosos acreditam que, após muito tempo de uso, as baterias estão programadas para morrer.
Só posso retirar o carregador com a bateria 100%?
É mito. Nas antigas baterias de níquel ocorria o chamado “efeito memória”, que aconselhava a retirada do carregador apenas após o celular estar plenamente energizado. Você não precisa mais esperar seu telefone ficar sem bateria para ligá-lo na tomada ou prolongar a primeira carga.
Carregadores genéricos causam danos?
Em caso de perda ou dano do carregador é aconselhável procurar a assistência técnica da fabricante do celular. O risco de comprar aparelhos “piratas” é prejudicar o telefone gradativamente ou simplesmente queimá-lo.
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