“Chegamos ao limite”, diz Cesar Souza Junior sobre a greve do transporte coletivo em Florianópolis

Os prefeitos das cidades de Florianópolis, São José, Biguaçu, Palhoça e representantes da sociedade civil se reuniram na tarde desta terça-feira para decidir um posicionamento oficial e divulgar o balanço de prejuízos para a região em dois dias de greve do transporte coletivo.

Segundo a posição deles, caso a greve não termine nesta quarta, o pedido é que a Justiça seja rigorosa com relação ao dissídio coletivo previsto para esta quinta-feira. A greve poderá ser considerada ilegal e, então, os empresários poderiam demitir os motoristas e cobradores que não cumpriram as decisões judiciais sem os direitos trabalhistas, como o fundo de garantia.

O prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Junior, disse que a greve fere as instituições constituídas e que é preciso que a Justiça haja rigorosamente.

– Chegamos ao limite. É um limite para população, para o poder público, aos empresários, e principalmente vai contra o estado democrático de direito – disse o prefeito.

Ele comentou a possibilidade da abertura de uma nova licitação para as empresas do transporte público e disse que a greve é um sinal de que o sistema está defasado. De acordo com ele, uma comissão está trabalhando para pensar a melhor solução para a Capital.

O balanço dos prejuízos na Grande Florianópolis

Saúde: de acordo com secretário Carlos Daniel Moutinho Jr.

Todos os serviços estão funcionando, mas a situação está interferindo diretamente no serviço prestado: 3800 pessoas deixaram de ser atendida das nas unidades de saúde do município.

– Teve gente que estava esperando por três anos por uma consulta e teve o azar de morrer na fila durante a greve – disse o secretário.

Educação: de acordo com o secretário Rodolfo Pinto da Luz

Os prejuízos de uma greve como esta para a educação são sempre sentidos a longo prazo: 13740 crianças deixaram de ser atendidas nas escolas, e a situação mais grave é nas creches.

– Existem crianças que não tem onde se alimentar se não for na creche. Fora o prejuízo educacional, existe o prejuízo social, e até de saúde – explicou o secretário.

Comércio e Indústria: informações do presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), Sanderlúcio Fabiano de Mira

O comércio sentiu uma queda de 70% no faturamento sentida entre os três mil associados. Cerca de 35% dos funcionários faltaram ao trabalho.

– O prejuízo é maior por conta da véspera do Dia dos Namorados, onde o impacto vai interferir diretamente no resultado final do mês do empresário – avaliou o presidente.

Comércio: segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis (CDL), João Batista Lohn

A queda no faturamento chegou em média a 50% e, em alguns casos, a 80%. A falta dos trabalhadores do setor gira em torno de 40%.

– O prejuízo é geral para a população e para o comércio também, pois o Dia dos Namorados é a terceira data do ano para os lojistas – afirmou o presidente.

Sobre a greve:

Os trabalhadores do transporte coletivo de Florianópolis iniciaram uma greve às 0h de segunda-feira. Uma determinação judicial exigiu a circulação de uma frota mínima de veículos nos horários de pico, já que o serviço é considerado essencial à população. Os grevistas não acataram à decisão e, durante os dois dias de greve, mantiveram os mais de 400 ônibus estacionados.

Com isso, o procurador Regional do Trabalho, Alexandre Freitas, protocolou uma multa de R$100 mil por dia de descumprimento da frota mínima e, caso não haja dinheiro em caixa, os bens dos trabalhadores do transporte coletivo serão penhorados. Uma nova assembleia está marcada para as 19h desta terça-feira e a previsão, caso a greve não acabe nesta terça, é que haja um dissídio coletivo nesta quinta-feira.

Transporte alternativo:

A prefeitura está disponibilizando 200 vans e micro-ônibus para o transporte da população. Veja no mapa quais são os percursos, onde é a saída dos veículos e o preço a ser pago pelo serviço: