Quem percorre o trecho entre Barra Velha e Joinville, na BR-101, nota que, nos últimos meses, as placas de “vende-se” estão tomando conta dos terrenos às margens da rodovia. O anúncio da construção da sede brasileira da BMW em Araquari intensificou o interesse comercial no entorno do km 65.

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– A vinda da BMW é importante para o mercado imobiliário da zona Sul de Joinville e Araquari. Eram regiões pouco valorizadas e que hoje têm um bom potencial a médio a longo prazos – explica Anagê Alves da Silva, dona da imobiliária que leva seu nome e que tem terrenos à venda na região.

Com as atenções voltadas para o Norte do Estado, donos de imóveis aproveitam o momento. É o caso de Ester Krüger, que espera vender a área de 100 mil m² que pertence à família.

– Nos últimos meses, as ligações de pessoas que querem informações sobre o nosso terreno aumentaram. Ele já estava à venda antes, mas foi notável o aumento da procura depois do anúncio da BMW – afirma.

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O crescimento do número de interessados causa valorização dos terrenos. Por serem áreas grandes, o preço chega na casa dos milhões. “Quem ainda não fez, tem altas perspectivas de ajustar valores”, indica Anagê, para quem muitos donos de terrenos já incluíram no preço o fator BMW.

– Nesta fase inicial, identificamos um aumento de cerca de 20% nos valores dos imóveis – afirma Milton Suplicy, corretor proprietário da Colon Imóveis, que tem terrenos à venda na região.

Os corretores são unânimes em afirmar que a valorização da região deve ficar ainda maior quando a montadora estiver com a operação ativa.

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– Comprar um terreno nesta área em alguns anos pode ser tornar quase inviável por causa do preço – argumenta Sueli Linzmeyer, sócia da WPrime, que está oferecendo uma área de 110 mil m².

Anagê conta que o processo de valorização pode se estender por anos.

– É muito difícil imaginar uma média de preços para o futuro. Este é um processo lento que iniciou agora e pode durar nos próximos 20 anos – diz.

Holofotes na região

Apesar de a instalação da unidade da BMW ter ajudado a alavancar os negócios na região, ele não é o único fator responsável pela valorização das áreas. A localização estratégica por conta da proximidade com portos (Itapoá, São francisco do Sul, Itajaí e Navegantes), aeroportos e outras multinacionais contribuem para que as margens da BR-101 estejam sob os holofotes do mercado.

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– Nos últimos dois anos, é fácil observar a diferença de valores. Os preços praticamente dobraram – conta Sueli Linzmeyer, sócia da WPrime.

– A valorização dos terrenos na região cresce a cada ano. É um momento muito bom para o ramo imobiliário. O anúncio da BMW alavancou a procura e os preços, mas nada que não fosse chegar a esse patamar por um movimento natural do próprio mercado – avalia Milton Suplicy, corretor proprietário da Colon Imóveis, que tem placas instaladas na área.

Ajuste da régua

Ainda que muitos proprietários queiram colocar o preço lá em cima para aproveitar o momento, esta não é uma opção indicada pelos corretores.

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– A operação imobiliária continua seguindo a demanda do mercado, com as características observadas nas avaliações de imóveis, independente do peso dos vizinhos da região – argumenta Suplicy.

– Orientamos o proprietário, mas é uma reação lógica ele querer aumentar o próprio preço. A instalação de uma empresa do porte da BMW dá credibilidade à região e todos querem aproveitar a chance de vender o terreno por um valor maior – diz a sócia da WPrime.

Ester compreende o movimento atual do mercado e optou por fazer um reajuste que acompanha a média avaliada nos últimos meses.

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– Nossa intenção é vender o imóvel. Se fugirmos muito da realidade atual do mercado, não conseguiremos atingir o objetivo – conta Ester.

Atenção para as avaliações

Os corretores já identificaram que a chegada da BMW na região Norte faz crescer os olhos de muitos proprietários de terrenos.

– O processo de avaliação dos imóveis existe para observar quais são as características dele e embasar a definição do preço real no mercado, algo que seja competitivo e justo – explica Sueli Linzmeyer, da WPrime.

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O proprietários de um terreno de 22 mil m² às margens da BR-101 assume que tem dificuldade de vender o imóvel por causa do preço.

– Aproveitei o momento para valorizar meu preço. Estou pedindo cerca de R$ 100 por m². Algo que nem se compara com o valor que paguei há mais de dez anos. Depois da BMW, o terreno parece bilhete de loteria. Eu acho que vale, mas o pessoal não compra porque não quer pagar o que estou pedindo – conta.

A corretora de uma imobiliária que também tem placas na região, explica que, nestes casos, o melhor a fazer é orientar o cliente sobre a realidade do mercado e os métodos para avaliar um imóvel.

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– Explicamos que um preço muito além do que o mercado está pronto para receber faz com que o imóvel não seja vendido, por mais que tenha boas características. O ideal é ajustar os valores para se tornar competitivo. Quando não há conversa, a imobiliária pode desistir do negócio. Muitos corretores entendem esta ação de supervalorização de preços como uma atividade injusta e não querem ter seus nomes vinculado –