Justiça, no futebol, é algo que frequentemente vira tema de debates acalorados e termina sem consenso. Mas não seria justo sentenciar que JEC e Chapecoense entraram em campo pelo Campeonato Catarinense neste sábado pressionados para conseguir uma vitória. Afinal, são clubes que já se encontraram afunilados rumo a pressões extremas para lutar contra o rebaixamento em competições nacionais. Desta vez, os joinvilenses encaravam o confronto em busca da primeira vitória no Estadual, já o Verdão do Oeste queria os inéditos três pontos fora de casa. Incontestável, no tribunal da bola, é aquilo que o placar aponta: a Chape superou o JEC por 2 a 1 na Arena Joinville.
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E aí, aquele torcedor mais apaixonado pode revidar: “mas é injusto esse resultado, porque o meu time foi melhor em campo”. Como um julgamento não existe sem evidências, os números do jogo são capazes de trazer elementos importantes.
Primeira etapa: quatro chances de gol para a Chape, duas para o JEC. Segundo tempo, uma ironia. Esta etapa se desenhava como a pior da partida por 29 minutos. Era um jogo de intermediária, passes errados, balão para cima, contra-ataques desperdiçados e até cobrança de lateral estava complicada. Talvez fosse ansiedade pelo gol, mas não pressão. Grampola finalizando por cima do gol, Antony sem conseguir vencer a marcação em seu primeiro lance, correria sem norte pelo lado do Verdão. Somente aos 30 minutos a Chape poderia ter marcado: Yann entrou driblando fácil pela esquerda, bateu. A bola esbarrou no rosto do goleiro Jefferson e, no rebote dentro da grande área, Orzu chutou de três dedos para fora. Desse momento em diante, o jogo mudou e vieram os gols.
Aos 36, na cobrança de escanteio pela direita, Joílson cabeceou no centro da área e marcou para os visitantes. O empate veio logo na sequência, dois minutos depois, com Robert quase na marca do pênalti, em um lance estranho por parte do goleiro da Chape: João Ricardo se complicou ao tentar defender, e a bola cruzou a linha do gol bem próximo à trave direita. Aos 43, um golaço! Eduardo sentenciou a vitória da Chape com um chute de pé esquerdo, encobrindo o goleiro Jefferson – que saiu correndo para fora da grande área para tentar interceptar a bola.
Fora os gols – provas sem contestação –, as evidências mais relevantes deste caso estão no primeiro tempo: logo a 1 minuto de jogo, a Chape quase marcou com Yann, que mandou uma bomba de dentro da grande área, mas a bola foi para fora. Aos 14, Victor Andrade, pela esquerda, cortou o marcador e bateu rasteiro, mas o goleiro Jefferson defendeu. Três minutos depois, Bulhões salvou o Joinville em cima da linha do gol, após Yann driblar o goleiro Jefferson e chutar quase da pequena área. Aos 27, a Chape balançou as redes, mas em impedimento: Bruno Silva finalizou rasteiro o cruzamento de Victor Andrade. O Joinville só conseguiu chegar com perigo aos 7 minutos, quando Grampola cabeceou à queima-roupa de dentro da grande área, mas João Ricardo espalmou para escanteio. E, por acaso ou propositalmente, Wellington Rato acertou o travessão aos 16 minutos, em um chute de longa distância.
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O JEC terá oportunidade de sair desse desconfortável estigma de insucesso na próxima terça-feira, quando encara o Hercílio Luz, fora de casa. Já a Chape – agora com 10 pontos e líder temporária – vai ao sul do Estado enfrentar o Tubarão, na quarta.
Que a justiça, dentro de campo, deflagra veredictos contestáveis, não há dúvidas. No futebol, parece que cada um tem o seu próprio tribunal. Fundamental é que a sentença seja sempre em tom de fair-play.
FICHA TÉCNICA – JEC 1 x 2 Chapecoense
JEC
Jefferson; Ananias, Luan, Marlon e Arêz; Wellington Rato (Robert), Clecio, Leandro Bulhões Nathan (Caxito) e Rodrigo Figueiredo (Antony); Grampola.
Técnico: José Teodoro.
CHAPECOENSE
João Ricardo; Marcos Vinicius, Joílson, Luiz Otávio e Alan Ruschel; Orzu, Tharlis (Márcio Araújo), Yann e Bruno Silva (Lourency); Wellington Paulista e Victor Andrade (Eduardo).
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Técnico: Claudinei Oliveira.
GOLS: Joílson e Eduardo (C), aos 36 e aos 43 do 2º tempo, e Robert (J), aos 38 do 2º tempo.
CARTÕES AMARELOS: Orzu, Tharlis, Marcos Vinicius e Alan Ruschel (C); Leandro Bulhões (J)
ARBITRAGREM: Célio Amorim, auxiliado por Diego Leonel Félix e Gizeli Casaril
LOCAL: Arena Joinville, em Joinville.
BORDERÔ: 3.464 torcedores, para uma renda de R$ 58.710.