Seis meses depois de assumir a Chapecoense, o técnico Guto Ferreira conseguiu transformar a equipe no melhor time da Série A por aproveitamento, com 89% dos pontos conquistados no Catarinense deste ano. São 11 vitórias e dois empates em 13 jogos. Título do turno e 100% no returno. O desempenho permite ao clube projetar o título antecipado, se vencer também o returno, e de forma antecipada, se mantiver o desempenho e os adversários tropeçarem. Permite também já mirar o Brasileirão: ontem, o clube confirmou a contratação do lateral-direito Cláudio Winck, que estava no Verona.

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Confira a tabela do Campeonato Catarinense

Guto já tinha marcado um estágio no River Plate quando foi chamado na Chapecoense, em setembro do ano passado, após a demissão de Vinícius Eutrópio. O time não vencia há seis jogos. O treinador lembrou que tirou do avião que ia para a Argentina seu auxiliar, Alexandre Faganello,.

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Guto Ferreira avalia desempenho da Chape afirma que pretende ser campeão invicto

Natural de Piracicaba (SP), Guto Ferreira foi jogador semiprofissional de vôlei da cidade. Começou a comandar as equipes esportivas do Colégio Salesiano Dom Bosco, aos 16 anos, que segundo ele foi muito importante na sua formação. Começou como preparador físico na base do XV de Piracicaba. Nas arquibancadas do clube, tirou as primeiras lições com o treinador Hélio dos Anjos. Depois foi treinar a base do São Paulo onde ganhou seis de oito competições disputadas. Contratado pelo Internacional, venceu a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1998. Profissionalmente, foi campeão Gaúcho em 2002. Depois foi para Portugal, onde ficou dois anos, no Penafiel e Naval.

Na volta para o Brasil, treinou o XV de Novembro de Campo Bom, onde conheceu um volante chamado Cadu Gaúcho, em 2011. Quatro anos depois Cadu Gaúcho, já como diretor, o convidava para treinar a Chapecoense.

Confira a entrevista que o treinador concedeu ao Diário Catarinense, nas cadeiras da Arena Condá:

Como a Chapecoense chegou nesse aproveitamento de quase 90%, sendo o melhor do Brasil entre os times de Série A neste momento?

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A Chapecoense é um clube organizado. Não só no departamento de futebol. Tem mentalidade vencedora. Sabe o que quer. Tem uma direção que, além de honesta, tem capacidade. Prova disso é que os últimos quatro empresários do ano eleitos tinham relação com a Chapecoense. Só aí se vê o nível e a capacidade de quem toca o futebol. Isso impulsiona o clube. Além disso, a gente trabalha com o respaldo da direção. Em alguns clubes tem casos de indisciplina, a direção não te dá respaldo e aí dizem que o treinador não tem controle sobre o grupo. E tem as lideranças dentro do grupo. Esse grupo é vencedor e não é de agora. É um grupo extremamente profissional, que sabe o que quer e quem não segue isso é automaticamente excluído.

O que você sabia da Chapecoense antes de vir para cá?

Uma vez, em 2008-2009, encontrei lá no Inter o Jandir Bordignon (segundo vice-presidente) que me falou da Chapecoense. Logo depois parei em Chapecó quando estava indo para ver um jogo em Ciudade Del Este (Paraguai). E pelo fato do Cadu ter sido meu jogador ele me ligava ou eu ligava para ele para trocar informações. E com quem falava todo mundo me dizia: ¿Se um dia a Chapecoense te ligar, vai¿.

Quando você chegou, o time não vencia há seis rodadas, mas teu começo também foi difícil. Acha que a virada foi a classificação sobre o Libertad, pela Copa Sul-Americana?

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Acho que o diferencial foi quando nós perdemos por 4 a 0 do Sport, em Recife, e a torcida foi nos receber no aeroporto para nos apoiar. No momento em que o grupo mais precisou o torcedor deu apoio. Isso nos fortaleceu.

Talvez pela primeira vez na história a Chapecoense entrou no Estadual como a grande favorita, pelo orçamento e por ter mantido a base. Como é isso?

Não fomos nós que dissemos que éramos favoritos. Mas a partir do momento que isso foi colocado, cabia a nós aceitar ou não. Ou aceitava ou fugia da responsabilidade. Nós assumimos esse peso, essa responsabilidade.

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Você tem sido feliz nas trocas, o Kempes tem entrado e feito gol, o Hyoran também.

É sorte (risos). Falei que cada jogador tem que se sentir importante. Se vai jogar um minuto, uma hora, um jogo, tem que se sentir importante, saber a mecânica de jogo e fazer o melhor a cada oportunidade. Daí outras oportunidades virão.

Após conquistar o primeiro turno, a tendência normalmente é não repetir o desempenho no segundo turno, por estar classificado. Como manteve o grupo motivado?

Não adianta ficar sentado em cima do resultado. Tem que trabalhar. A vida do jogador é buscar a vitória o tempo todo.

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A Chapecoense está acima dos demais?

Nós enxergamos os outros com a mesma capacidade da Chapecoense. Os resultados aconteceram pela postura.

A meta é ser campeão invicto?

Essa é nossa meta agora. É difícil, temos cinco finais. Tem que dar total atenção. Se não conseguirmos pelo menos queremos o título sem necessitar de final.

O título também marcaria tua passagem pelo clube.

Você firma seu currículo com resultados. Um título fortalece. Mas também a gente quer retribuir um pouco do carinho que a cidade nos oferece. E esse grupo de jogadores é merecedor. O que a Chapecoense está fazendo, 70 a 80% de tudo é resultado do comprometimento desses jogadores. Eu sou só mais uma peça. E muito do que eu sou é graças aos meus auxilares. Os gols de bola parada, por exemplo, são fruto do trabalho do André Luiz. Todo mundo aqui dentro do clube tem uma parcela.

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