A torcida da Chapecoense que vai apoiar seu time contra o Independiente na noite desta quarta-feira, às 19h15min, na Arena Condá, fará seus cantos em português. Mas poderia até falar espanhol se as disputas históricas pelo território do Oeste de Santa Catarina tivessem terminado de outra forma.
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Embora a rivalidade com os times argentinos dentro de campo ainda seja recente, iniciada na Copa Sul-Americana do ano passado diante do River Plate, a disputa por outros campos é muito antiga. Coisa de séculos.
Pelo tratado de Tordesilhas de 1494, entre Espanha e Portugal, a região ficaria sob domínio espanhol.
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De acordo com o doutor em História e professor da Universidade Federal da Fronteira Sul, Claiton Márcio da Silva, entre os séculos XVI e XVIII a região recebe movimentos de jesuítas vindos do Paraguai e bandeirantes vindos do Leste para o Oeste na captura de indígenas para escravidão, que acabam influenciando nos limites.
Nesse período há outros tratados como o de Madri e de Santo Idelfonso. Mas a Argentina continua reivindicando a região até o final do século XIX, quando o presidente Grover Cleveland faz a mediação entre Brasil e Argentina definindo a fronteira no rio Peperi-Guaçu.
Se naquela época os hermanos queriam expandir suas fronteiras, agora é a Chapecoense que busca conquistar territórios internacionais.
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O professor Claiton Márcio lembra que se no século XIX há um esforço do Império em criar uma identidade brasileira na região, o momento no futebol cria uma ressignificação da identidade nacional.
– Nesse contexto a Chapecoense, que é vista como um clube regional, passa a ser vista como um representante nacional – afirmou.
De um lado está a força de um time que venceu sete vezes a Libertadores, mas que seu auge foi há mais de 30 anos.
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Do outro um time de apenas 43 anos, com poucas conquistas, mas que está em ascensão.
O professor Márcio disse que um amigo argentino, torcedor do Independiente, brincou que olha o Verdão do Oeste de cima para baixo.
Mas uma vitória na disputa de hoje à noite pode ser o início de novos limites no futebol. O cacique Vitorino Condá foi um dos que ajudou a defender a região do avanço argentino. E a força da Arena Condá pode ajudar a Chapecoense a ultrapassar esses limites, na busca da conquista da América, que seria o maior título do futebol catarinense.
O técnico da Chapecoense, Caio Jr, espera que essa força ajude o time a vencer mais um dos gigantes do futebol da América do Sul.
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Seria algo significativo para o clube e para a região que em 2012 estava na Série C do Brasil.
– Podemos colocar a Chapecoense num patamar que ela nunca chegou – projetou o técnico Caio Jr.
Para quem um dia não imaginava jogar uma competição oficial contra River Plate e Independiente, o sonho não tem limites. Assim como o grande símbolo de Chapecó, o Desbravador, o Verdão se prepara para nesta temporada desbravar a América e para isso conta com o auxílio de jogadores que são os pilares da equipes, verdadeiros desbravadores (confira box ao lado).
Conhecendo a américa – O próximo adversário
Nesta quarta-feira também se define o possível próximo adversário da Chapecoense na Copa Sul-Americana. Em Barranquilla, na Colômbia, também às 19h15min, se enfrentam Júnior Barranquilla e Montevideo Wanderers. No primeiro jogo, no Uruguai, empate por 0 a 0.
O Júnior está em 15º no campeonato colombiano e o destaque do time é o atacante paraguaio Ovelar Maldonado, que tem seis gols no torneio nacional da Colômbia. Já o Wanderers está em sexto do campeonato uruguaio, mas já foi quatro vezes campeão uruguaio, a última em 1931.
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Independiente
O time argentino chegou na terça-feira a Chapecó, depois de passar em Florianópolis por causa da alfândega. Depois da equipe reconhecer o gramado da Arena Condá, o técnico Gabriel Milito conversou com a imprensa e falou da preocupação com a partida.
– Imaginamos uma partida em que a Chapecoense segurará o jogo para sair no contra-ataque. Aqui dentro eles são muito fortes. Confiamos em Cristian Rodriguez, ele é um jogador experiente e líder e esperamos sempre mais dele – disse o treinador hermano.
Os valentes da Chape
BRUNO RANGEL
Ele talvez nem comece a partida. Mas isso não importa. Alguém que fez 80 gols com a camisa da Chapecoense e briga pela artilharia do país no ano não pode ser subestimado. Mesmo sendo reserva em boa parte das partidas tem nove gols no Brasileirão, dois a menos que Gabriel Jesus e Robinho. Na Sul-Americana entrou no segundo tempo e fez dois gols na vitória por 3 a 1 diante do Cuiabá. No ano passado ele também deixou sua marca no River Plate, ao fazer os dois gols da vitória por 2 a 1, na Arena Condá.
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CLEBER SANTANA
Atlético de Madrid, Santos, São Paulo e Flamengo são alguns dos clubes do currículo de Cleber Santana. Só isso dá uma dimensão da qualidade técnica do capitão. Cobiçado pela Chapecoense há anos, foi contratado em 2015 e, desde então, passou a ser a referência técnica do time. Fez a Chapecoense encarar o então campeão da América, River, de igual para igual. Foi o maestro do time na conquista do Catarinense e eleito o melhor jogador do campeonato. No Brasileirão é ele que dita o ritmo do time.
DANILO
Num tempo em que Nivaldo era soberano, o goleiro foi contratado para reserva na Série B de 2013. Jogou apenas uma partida, contra o Icasa, que lhe valeu a renovação de contrato. Em 2014 virou titular e foi um dos destaques do time na permanência na Série A. Em 2015 teve uma lesão no Estadual e seu rendimento oscilou. Voltou à titularidade e participou das batalhas da Copa Sul-Americana, primeiro na vitória nos pênaltis sobre o Libertad e depois contra o River Plate, na Copa Sul-Americana do ano passado.
KEMPES
O nome do atacante da Chape foi em homenagem a um ídolo argentino, Mário Kempes, campeão e goleador da Copa do Mundo em 1978. Tanto que o nome do atacante chamou a atenção da imprensa argentina no primeiro jogo. Contratado pela Chapecoense em 2016, virou titular nas finais do Catarinense, para fazer frente ao seu ex-time, o Joinville. Foi campeão catarinense. Neste jogo, Kempes pode ser tão decisivo como o craque que inspirou seu nome foi na Copa de 78.
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THIEGO
Na Sul-Americana do ano passado Thiego começou a crescer na Chape, despontando como liderança. Foi importante contra Libertad e nos confrontos contra o River Plate. No Brasileiro mostrou que também é zagueiro artilheiro, com quatro gols. No primeiro confronto com o Independiente quase marcou um gol. E ajudou a segurar o empate por 0 a 0. Perigoso nas cobranças de falta e escanteio, Thiego é uma das armas da Chapecoense para seguir desbravando a América.
FICHA TÉCNICA
CHAPECOENSE
Danilo, Gimenez, Filipe Machado, Willian Thiego e Dener; Josimar, Matheus Biteco (Gil) e Cleber Santana; Lourency (Bruno Rangel), Tiaguinho e Kempes.
Técnico: Caio Jr.
INDEPENDIENTE
Martín Campaña; Gustavo Toledo, Nicolás Figal, Víctor Cuesta, Nicolás Tagliafico; Jorge Ortiz, Diego Rodríguez Berrini, Cristian Rodriguez, Maximiliano Meza; Diego Vera e Emiliano Rigoni.
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Técnico: Gabriel Milito. Arbitragem: Roddy Zambrano, auxiliado por Luís Vera e Julio Macias (trio do Equador).
Horário: 19h15min.
Local: Arena Condá, em Chapecó.
Ingressos: R$ 100 (Geral e Visitantes), R$ 140 (Social) e R$ 200 (Cadeiras). Sócio pode adquirir ingresso para acompanhante pela metade do preço.