Disputar o Campeonato Brasileiro entre as equipes da elite, continuar entre elas e angariar torcedores além da região em que estão sediados. Estes são os desafios dos clubes de Santa Catarina para serem reconhecidos como grandes marcas do futebol do Brasil. A Chapecoense experimenta um pouco disso. Foi o time de futebol que mais cresceu em cinco anos, com 546%. Este é o apontamento do estudo realizado pela empresa de consultoria e auditoria BDO, que aponta as marcas mais valiosas da modalidade em solo nacional. Apesar da enorme evolução, a Chape é a 20ª na modalidade, que tem Flamengo, Corinthians e Palmeiras na dianteira.

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Depois da Chape, pela ordem, aparecem Figueirense, Joinville, Avaí e Criciúma. Os clubes de Santa Catarina ocupam entre a 18ª e a 27ª colocações – valem juntos R$ 215,6 milhões. Este desempenho, conforme o responsável pela área de esporte da consultoria, Pedro Daniel, está fortemente ligado à presença dos times na Série A do Campeonato Brasileiro. Porém, para galgar posições mais elevadas, e terem as marcas mais valorizadas, é necessário que os clubes tenham penetração – e não necessariamente torcedores – em regiões além das que estão inseridas.

– Santa Catarina teve maior crescimento nos últimos anos pelos clubes terem chegado na Série A. Mas para que consigam crescer precisa ter uma campanha mais estável na competição, que é o principal produto do futebol do Brasil. Se não estiver entre os grandes, não há competição em termos mercadológicos, precisa se manter por pelo menos quatro ou cinco anos. Para os times catarinenses, o mercado não muda e a torcida muito pouco. Por isso, precisa trabalhar engajamento atrelado ao resultado em campo – destaca o consultor.

A avaliação é realizada anualmente com os clubes das quatro divisões do Campeonato Brasileiro. São analisados mais de 40 fatores, que estão inseridos em três pontos: torcida (consumidores), mercado (local em que está inserido) e receita (o que angaria financeiramente).

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Sem um mercado tão significativo, como é o eixo Rio-São Paulo, o caminho dos clubes de Santa Catarina é utilizar mais seus próprios canais para ganhar a simpatia do público – e consequentemente o mercado –, e não apenas se comunicar com seu torcedor.

– Em curto prazo, necessitam quebrar a barreira territorial. As mídias sociais são um artifício. A Chapecoense conquistou isso, deixou de ser um clube local e é visto como nacional. Essa quebra pode ser facilitada pelos canais de comunicação do próprio clube, que sejam atrativos – aconselha Pedro Daniel.

Chapecoense

Dos R$ 10,1 milhões em 2013, a marca verde vale hoje R$ 65,2 milhões. Os 546% faz do clube o que mais cresceu no Brasil. De acordo com o estudo da BDO, a Chapecoense vinha em elevação por causa da gestão e nulo endividamento. Porém, a exposição por causa da tragédia, no final do ano passado, fez com que a Chape fosse o clube mais seguido do Brasil, por exemplo. O reconhecimento internacional e o carinho do mercado fizeram com que mudasse de patamar.

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Figueirense

Em 20º no Brasil, o Figueira teve forte valorização da marca nos dois anos anteriores e neste decaiu, mesmo com o reflexo da Série A do ano passado nos indicadores. A tendência é de forte alta por causa de outros fatores. A mudança na gestão, com transparência e credibilidade, de acordo com os consultores, atrelada ao sucesso em campo, faz do clube interessante ao mercado. Porém, um descenso à Série C faria o Furacão encolher como marca.

Joinville

A 22ª colocação entre todos os clubes do país ainda tem reflexo do título da Série B em 2014 e da disputa da Série A em 2015 por causa da arrecadação nestes dois anos, de R$ 38 milhões e R$ 40 milhões, respectivamente, as maiores da história do JEC. Porém, com o descenso para a Série C e ter ficado na terceira divisão nesta temporada vai determinar encolhimento do valor da marca na próxima pesquisa da consultoria.

Avaí

Do último ano para este, conforme a pesquisa, o Avaí decaiu cerca de 25%. No entanto, em cinco anos, teve crescimento de 10%. A oscilação é justificada pelas idas e vindas na Série A do Campeonato Brasileiro. Porém, no ano passado, a queda de faturamento foi muito forte: de R$ 31,5 milhões em 2015 para os R$ 20,3 milhões em 2016. Este fator foi preponderante para a queda acentuada para este ano na pequisa.

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Criciúma

Na 27ª posição, o Tigre também está muito suscetível à divisão que ocupa. O melhor ano da avaliação, 2015, é justificado pelo reflexo dos dois anteriores, quando esteve na elite nacional. Desde então vem em queda, e deve cair mais se continuar na Série B. A pior posição entre os cinco é justificada por estar em uma região com menor economia que as demais, com menor população, o que é impactante para o estudo.

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