A prefeitura de Chapecó contratou uma pesquisa para avaliar o resultado do tratamento precoce oferecido a pacientes de Covid-19 na cidade ao longo da pandemia de Covid-19.

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A informação foi confirmada pelo prefeito João Rodrigues (PSD) em entrevista ao Diário Catarinense e à CBN Diário nesta quinta-feira (21).

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O estudo será feito pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). Uma reunião feita nesta quarta-feira discutiu detalhes sobre como será feita a pesquisa. Serão analisados prontuários médicos de pacientes atendidos em ambulatórios de Chapecó, incluindo o Ambulatório de Tratamento Imediato Verdão.

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João Rodrigues afirmou que o objetivo do estudo é saber se o chamado tratamento precoce, que incluiu a distribuição de medicamentos do Kit Covid, ajudou ou não na recuperação de pacientes.

Na entrevista aos veículos da NSC, Rodrigues evitou se dizer defensor do Kit Covid, mas citou números que seriam favoráveis ao suposto tratamento e disse que o município ofereceu os medicamentos durante a pandemia.

– Sou a favor de todo e qualquer medicamento receitado pelo médico. Não digo para o médico “coloque o kit covid”. A liberdade é médica, mas disponibilizei todos os medicamentos que os médicos pediram, e o Kit Covid faz parte disso também. Cloroquina, ivermectina, vitamina D… Agora, o estudo que a universidade está fazendo é baseado no Kit Covid. Para saber se isso também deu resultado – afirmou o prefeito.

O município informou que foi criado um grupo de trabalho com membros da Vigilância Epidemiológica e da universidade. A previsão é de que os resultados sejam divulgados em 30 dias.

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A Unoesc confirmou que houve uma primeira conversa entre prefeitura e o vice-reitor da instituição no dia 6 de outubro e novo encontro nesta semana para tratar do tema. Mais detalhes sobre o projeto ainda seriam levantados pela universidade.

Veja a entrevista do prefeito de Chapecó, João Rodrigues

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Especialista critica ideia do estudo

A infectologista Sabrina Sabino diz que a ideia do estudo parte de um erro porque não se faz avaliação de estudos farmacológicos (de medicamentos ou tratamentos) com estudo retrospectivo, baseado em análise de prontuários. O correto seria analisar os casos durante o período em que eles estivessem sendo expostos a eventual tipo de tratamento. Isso evitaria algo chamado “viés de seleção”, quando dados e pacientes divergentes e importantes para o tema podem ser excluídos da análise.

– É um erro crasso. Fazer avaliação retrospectiva de prontuário de pacientes que receberam ou não qualquer tipo de tratamento não é evidência científica para avaliar se teve ou não eficácia. Não tem nenhum benefício para nenhuma população. É prospectivo (o método para fazer estudos desse tipo), é daqui para a frente, e não na análise de prontuário – afirmou.

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Questionada sobre a crítica, a prefeitura de Chapecó informou que “a metodologia será definida pela universidade e terá acompanhamento de um médico da secretaria de Saúde”.

Tratamento precoce é contestado

O chamado tratamento precoce vem sendo alvo de críticas durante toda a pandemia, por incluir medicamentos como cloroquina e ivermectina, que não têm eficácia comprovada no uso contra a Covid-19.

A CPI da Pandemia apontou na minuta do relatório final, apresentada esta semana, que a ação do presidente Jair Bolsonaro ao “adotar e insistir no tratamento precoce como praticamente a única política de governo para o combate à pandemia” teria contribuído para a propagação da Covid-19 em território nacional. A conduta é uma das que gerou pedido de indiciamento de Bolsonaro em nove crimes, incluindo o de “charlatanismo”.

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