Só neste ano foram registrados 26 casos de feminicídio em Santa Catarina, mas Chapecó faz o caminho contrário e se destaca no Estado. Nem sempre foi assim, pois em 2016 foram cinco casos registrados e em 2017, sete. Em 28 de abril de 2018 este cenário mudou e desde então já são 385 dias sem registros no município do Oeste Catarinense.

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Segundo o delegado Airton Stang, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI), Chapecó já tem 300 registros de pedidos de medidas protetivas em 2019. Em entrevista à NSC TV, Stang traz a importância da denúncia imediata em caso de descumprimento, para que os responsáveis tomem as devidas providências.

— Isso tudo tem contribuído na inibição de novos episódios de violência e na progressão desta violência que possa vir a combinar com uma tragédiaexplica o delegado.

O que Chapecó tem de especial é o pioneirismo no Rede Catarina. A cidade, que aderiu ao projeto desde novembro de 2016 e já tem 288 mulheres inseridas nele, deve muito de seus resultados à esta iniciativa, que consiste no monitoramento diário das vítimas e já teve 27 prisões em flagrante dentro de dois anos e meio.

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Divulgação, PMSC
(Foto: Divulgação, PMSC)

Denúncias podem ser feitas pelo Whatsapp

Através do programa, as mulheres conseguem entrar em contato via Whatsapp ou ligação pelo (49) 9 9990-2929 sempre que o agressor se aproxima ou ameaça descumprir a medida protetiva, resultando na prisão em flagrante quando necessário. Além disso, Chapecó conta com uma guarnição exclusiva para estas ocorrências que envolvem violência doméstica, incluindo uma mulher na equipe policial, o que facilita o contato com as vítimas, segundo o tenente-coronel Ricardo Alves, comandante da Polícia Militar:

— Nós estamos em tratativa com o poder judiciário para que essas mulheres vitimadas passem por um processo de ressocialização, tendo algumas instruções para que volte ao mercado de trabalho, para que a sua autoestima seja trabalhada e também ter aulas de defesa pessoal.

Para a presidente da Comissão de Combate à Violência Doméstica OAB/SC, Sandra Fagundes, é de grande importância da parceria da comunidade com a polícia.

— Quando este descumprimento (da medida protetiva) é realizado, as mulheres têm que buscar seus direitos, fazer a denúncia. Daqui a pouco a gente vai chegar a mais um ano sem feminicídio. Que seja exemplo para todas as cidades catarinenses.

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Embora haja ações e projetos como estes, em 2019, Santa Catarina ainda registra ao menos um feminicídio por semana. Em comparação ao mesmo período do ano passado, esse número representa o dobro do número de casos registrados em 2018.