As cidades catarinenses de Florianópolis e Joinville oferecem, entre as 50 maiores regiões metropolitanas do Brasil, as melhores chances de crianças de famílias pobres chegarem à vida adulta com uma renda maior do que a de seus pais.

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A conclusão é de um estudo recém-publicado por economistas brasileiros na revista internacional Rede de Pesquisas em Ciências Sociais, em tradução livre do inglês.

Em ambos os municípios de Santa Catarina, os filhos de famílias que estão entre as 20% com menor renda do Brasil têm 11,2% e 15,7% de chance, respectivamente, de seguirem na mesma faixa de ganhos dos pais ao alcançar uma idade entre 25 e 31 anos.

O pior índice é o de Belém, capital do Pará, onde 63% dos filhos das famílias mais pobres continuam nesta faixa de renda ao se tornarem adultos. Em São Paulo, a cidade mais rica do Brasil, isso fica em 44,4%. No país todo, esse percentual está em 46,1%.

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Já a chance das crianças mais pobres alcançarem a faixa dos 20% com maior renda no país é de 4% em Florianópolis. Apesar de baixo, o índice é o quarto maior entre as 50 mais populosas metrópoles brasileiras, empatado com o de São José do Rio Preto (SP).

Só a também cidade paulista de Jundiaí (9,1%), a gaúcha Santa Maria (4,5%) e a mineira Uberlândia (4,4%) ficam à frente da capital de São Catarina. Já em Joinville, essa probabilidade fica apenas em 2%, abaixo da média nacional, de 2,5%.

Os percentuais foram identificados pelos pesquisadores a partir do cruzamento de dados do Censo, do Cadastro Único, da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e de registros da Receita Federal, cedidos sob sigilo apenas para o estudo, o que permitiu traçar as trajetórias de renda de 1,3 milhão de crianças nascidas entre 1988 e 1990.

O estudo ainda mostra que a melhor chance de uma criança brasileira chegar rica à vida adulta é justamente já ter nascido entre alguma das famílias mais abastadas (48,5%).

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A pesquisa também identifica que gênero e cor têm peso importante em índices de mobilidade social em desfavor de mulheres e negros.

Crianças brancas mais pobres têm 33,7% de chances de seguirem nesta condição na vida adulta, enquanto as negras têm 52,8%. Já meninas, em uma escala de 0 a 100, tendem a ficar 14 degraus atrás de meninos de uma mesma faixa de renda ao crescerem.

O estudo ainda endossa a relação entre desigualdade e mobilidade social, o que é visualizado a partir da “Curva do Grande Gatsby”, conceito que compara as duas coisas.

Na Suécia, por exemplo, onde a concentração de renda é menor que a do Brasil (cenário calculado por um índice chamado de Coeficiente de Gini), a chance de uma criança mais pobre chegar ao topo da pirâmide de renda na vida adulta é de 16%.

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Os pesquisadores também apontam no estudo quais características regionais são mais favoráveis à mobilidade social: educação, infraestrutura e economia aparecem à frente.