Há um ano, Joinville vivia o que foi definido pela polícia como “o fim de semana mais violento da história da cidade”. Entre os dias 7 e 8 de janeiro de 2023, duas chacinas foram registradas nos bairros Morro do Meio e Ulysses Guimarães. No total, 11 pessoas foram assassinadas de forma brutal por uma mesma facção criminosa, que submeteu as vítimas ao chamado “tribunal do crime”.
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A chacina do Ulysses Guimarães aconteceu cerca de 24 horas antes da do Morro do Meio. Mas, apesar das poucas horas de diferença e de os crimes terem sido cometidos por integrantes de um mesmo grupo criminoso, os dois casos não têm ligação entre si, conforme evidenciou à época o delegado Dirceu Silveira Júnior, titular da Delegacia de Homicídios.
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No caso do Morro do Meio, ocasião em sete trabalhadores que moravam em um alojamento foram mortos, conforme apontam as investigações, a motivação teria sido um desentendimento entre um dos homens com uma das mulheres que exerce um cargo de liderança na facção. Ela, inclusive, é apontada como uma das mandantes do crime. Dez pessoas foram indiciadas pelos crimes, seis foram presas e quatro ainda são procuradas pela polícia, incluindo a mandante dos assassinatos.
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Já na situação do Ulysses Guimarães, em que quatro pessoas foram assassinadas, a apuração policial aponta que as mortes foram consequência da disputa de território entre grupos criminosos rivais. Os seis envolvidos foram presos.
Como estão as investigações?
Os dois inquéritos policiais já foram concluídos e os casos estão no âmbito judicial aguardando data de julgamento. No caso do Morro do Meio, os dez criminosos foram indiciados por homicídio qualificado consumado, homicídio qualificado tentado e organização criminosa. Dos dez, seis foram presos.
Já os seis envolvidos na chacina do Ulysses foram acusados pelos crimes de homicídio qualificado, sequestro, cárcere privado, ocultação de cadáver e organização criminosa. Dos seis, todos foram presos.
Quem são as vítimas?
Caso do Morro do Meio
Seis vítimas da chacina do Morro do Meio, encontradas carbonizadas dentro de um carro, foram identificadas pelas autoridades após um mês do crime. O sétimo trabalhador, por conta do avançado estado de decomposição do cadáver, foi encontrado posteriormente e identificado apenas em fevereiro. Os trabalhadores, que eram naturais de Palmas e Cruz Machado, cidades do Paraná, foram identificados como:
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- Daniel Marcolino de Lima, 19 anos
- Rivair Amaral Ribeiro, 23 anos
- Bruno dos Santos Sales, 24 anos
- Ivonei Wendler dos Santos, 26 anos
- João Mário do Amaral, 28 anos
- Daniel Marcolino de Lima, 19 anos
- Marcos da Silva Machado, 30 anos
Caso do Ulysses Guimarães
Os quatro homens assassinados eram de Campo Largo (PR) e foram mortos no dia 7 de janeiro, mas os corpos só foram encontrados dois meses e meio depois, dentro de uma vala funda em uma chácara particular no bairro Ulysses Guimarães. As vítimas tratam-se de:
- Alex dos Santos Kroll, 17 anos (identificado apenas em junho)
- Jhonny Wesley dos Santos Kroll, 19 anos
- Neucael Roque Kleina Pimentel, 23 anos
- Vanderson Rodrigues Kroll, 39 anos
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Todas as identificações foram feitas por equipes da Polícia Científica de Joinville.
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Relembre a chacina do Morro do Meio
As vítimas da chacina do Morro do Meio foram encontradas carbonizadas dentro de um Fiat Uno incendiado por volta das 10h de um domingo, 8 de janeiro, no bairro Vila Nova, a cerca de oito quilômetros do alojamento que viviam.
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Inicialmente, 10 vítimas que moravam na mesma casa estavam envolvidas. Seis delas foram encontradas com os corpos queimados. O imóvel também foi incendiado pelos autores do crime. Três pessoas conseguiram escapar dos criminosos e não foram feridas gravemente. Um deles ficou desaparecido por cerca de dois meses e foi encontrado morto mais de dois meses depois, totalizando sete vítimas fatais.
De acordo com o delegado Dirceu Silveira Júnior, as vítimas eram de Palmas e Cruz Machado, cidades do Paraná, e estavam em Joinville porque haviam sido contratados por uma empresa de serviços gerais de Joinville.
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Durante a noite de sábado para domingo, teria acontecido um desentendimento fora da casa entre uma das vítimas encontradas carbonizadas e a mulher mandante do crime, de acordo com o delegado. Esta mulher exerce uma função de comando dentro de uma facção criminosa na região e, após o atrito na rua com uma das vítimas, teria voltado pra casa e ordenado para que outros integrantes da organização seguissem o homem até o imóvel onde estavam hospedados e executassem todos que estivessem no local. Desde o crime, ela está foragida.
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No local, havia três carros pertencentes à empresa que foram usados para transportar as vítimas até uma estrada próxima ao fim da Rodovia do Arroz, no bairro Vila Nova. Foi onde um dos veículos, um Fiat Uno, foi encontrado carbonizado com as vítimas dentro, na manhã do dia 8 de janeiro.
Em relação aos sobreviventes, o delegado afirma que eles também foram retirados da casa pelos agressores, porém, conseguiram fugir dos suspeitos em algum momento durante o trajeto para o local em que seriam mortos.
Em uma das últimas atualizações sobre o caso, o delegado responsável pelas investigações, Eliéser Bertinotti informou que, antes de serem carbonizados, um dos homens teria sofrido um corte profundo no pescoço, enquanto os outros cinco foram atingidos por tiros na região da cabeça, o que indica que eles foram mortos antes do carro ser incendiado.
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Relembre a chacina do Ulysses Guimarães
Menos de 24 horas antes do assassinato em massa no Morro do Meio, outras quatro pessoas perderam a vida de forma brutal no bairro Ulysses Guimarães. Este segundo caso veio à tona somente dois meses depois do crime, após uma operação da polícia em que dois dos seis envolvidos foram presos.
De acordo com o delegado Dirceu Silveira Júnior, os quatro homens eram todos parentes e estavam em Joinville há cerca de uma semana, visitando uma familiar em um determinado bairro da cidade. No local, foram ameaçados por integrantes de uma organização criminosa e, após a intimidação, mudaram-se de endereço para um imóvel no Ulysses Guimarães. No entanto, foram novamente encontrados e, desta vez, assassinados.
O investigador diz que os cadáveres foram enterrados em uma mesma vala no final da Avenida Dr. Archimedes Carvalho, dentro de uma chácara. Como estavam em um buraco bastante fundo, a polícia precisou contar com a ajuda dos bombeiros voluntários e também de maquinários da prefeitura para desenterrá-los.
Dirceu Silveira afirma que a escolha do local foi aleatória e que os proprietários da área privada não tiveram, portanto, envolvimento com o caso. O delegado ainda explicou que a polícia chegou ao caso após parentes procurarem a delegacia no Paraná e relatarem o desaparecimento dos quatro.
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O local em que as vítimas estavam foi encontrado após denúncias anônimas de moradores. Policiais, inclusive, já haviam feito buscas em uma região próxima, mas como os criminosos camuflaram o local com vegetação, a ajuda da população foi essencial para encontrar os cadáveres.
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